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OS SEXOS
Fisiologia traz desvantagens às mulheres
da Reportagem Local
Em 1992, dois fisiologistas norte-americanos publicaram uma pesquisa afirmando que as mulheres
iriam superar os homens em todas
as provas do atletismo.
Sua conclusão se baseava no fato
de que os recordes femininos evoluíam com mais rapidez do que os
masculinos. As suas projeções indicavam que a primeira ultrapassagem ocorreria na maratona. Em
1998, o melhor atleta de cada sexo
deveria estar fazendo os 42.196 m
da prova em 2h01min59. A partir
daí, os homens ficariam para trás.
Vendo as marcas atuais
(2h20min47 para as mulheres e
2h05min06 para os homens), essa
previsão parece ridícula. Mas a
idéia de que as mulheres algum dia
vão superar os homens no atletismo durou até recentemente.
Uma pesquisa importante contra
essa corrente saiu em maio de 98.
O fisiologista norueguês Stephen
Seiler, do Agder College, em Kristiansand, analisando as finais do
atletismo em Campeonatos Mundiais e Olimpíadas desde 52, chegou à conclusão de que a diferença
entre os sexos nas pistas não só não
diminuiu como está aumentando.
Ao contrário dos norte-americanos, que apenas colocaram os recordes num gráfico e viram onde
as linhas se cruzariam no futuro,
Seiler tomou várias precauções.
Para evitar o efeito provocado
pelo aparecimento ocasional de
uma marca extraordinária, ele
usou a média dos tempos dos seis
primeiros colocados, em vez de
usar só o tempo do vencedor.
Foram feitas correções nos tempos devido à altitude e velocidade
do vento no local da prova e descartadas as competições fortemente influenciadas por eventos extra-esportivos, como uma chuva torrencial ou um boicote político.
Segundo Seiler, a diferença entre
o seu estudo e o de 1992 deve-se à
chuva de recordes nas provas femininas na década de 80. Velocistas delgadas, como Evelyn Ashford, deram lugar a mulheres supermusculosas, como Florence
Griffith-Joyner e Gwen Torrence.
""Esses recordes se devem muito
ao aumento no consumo de esteróides anabólicos. Com a redução
nos últimos anos, as marcas pioraram", escreveu Seiler. Segundo ele,
nesta década, as mulheres só conseguiram evoluir em relação aos
homens na maratona.
GENÉTICA
A comparação da fisiologia dos
dois sexos indica que a desvantagem das mulheres nas corridas e
saltos continuará a existir nas próximas décadas. Quando comparados um homem e uma mulher com
o mesmo peso e altura, na média as
mulheres possuem coração menor, menos massa muscular, mais
gordura corporal e menos hemoglobinas (as células sanguíneas
que transportam o oxigênio).
Todos esses fatores interferem
na produção de energia pelo corpo, seja nos processos aeróbicos
(que utilizam a respiração), seja
nos processos anaeróbicos (que
não dependem dela).
A diferença é tanto maior a favor
dos homens quanto mais explosão
muscular é exigida pela prova. O
fisiologista Renato Lotufo, da Universidade Federal Paulista, indica
outro ponto contra as mulheres:
devido à forma da bacia, a posição
das pernas das mulheres é menos
adaptada à corrida e ao salto do
que a das pernas masculinas. É só
nas provas de resistência, como a
maratona, que suas marcas se
aproximam mais das masculinas.
Há outros fatores que podem diferenciar o desempenho de um
atleta, como capacidade de concentração e velocidade de transmissão de impulsos nervosos, mas
a ciência não encontrou em nenhum deles uma vantagem feminina capaz de contrabalançar suas
desvantagens genéticas.
Para o médico Turíbio Leite de
Barros, um dos pioneiros da fisiologia esportiva no Brasil, a explicação é outra: ""Como os homens começaram a competir muito antes
do que as mulheres, por um certo
tempo os recordes nas provas femininas eram quebrados com
maior frequência. Como era previsível, isso acabou".
(MD)
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