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INDÚSTRIA
Demissões crescem em 2009 e atingem os mais experientes
Média de idade dos dispe nsados é de 35,8 anos, a maior entre os três setores pesqu isados
RAQUEL BOCATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A crise econômica estremeceu as bases que alicerçam a indústria e fez ruir perspectivas
de emprego. Mas não foram sacrificados apenas os postos que
exigiam menor nível de escolaridade -os dos executivos também foram impactados.
Das empresas da área consultadas pelo Datafolha, 47% afirmaram ter demitido mais profissionais com formação de nível superior no primeiro trimestre de 2009 do que no mesmo período do ano passado.
Dados do MTE (Ministério
do Trabalho e Emprego) mostram que a demissão de quem
completou o ensino superior
cresceu 24% na comparação do
período de novembro de 2007 a
março de 2008 com o de novembro de 2008 a março de
2009. É o maior índice entre os
setores pesquisados.
"A crise pousou na indústria
de forma mais intensa do que
em outros setores", destaca
Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo). O setor,
diz, é o primeiro a sofrer os reflexos da crise e o último a sair.
Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o
segmento, que apresentava sinais de recuperação em março,
com crescimento no faturamento de 2,9% em relação ao
mês anterior, voltou a dar sinais de queda. Em abril, seu faturamento recuou 1,9%.
O resultado, segundo a entidade, "sugere que a indústria
passa por um processo de transição entre a abrupta queda registrada no quarto trimestre de
2008 e uma recuperação, que
ainda não está delineada".
Corte dos mais velhos
A pesquisa Datafolha também indica que os profissionais
com nível superior desligados
tinham em média 35,8 anos
-idade superior à dos demais
setores, comércio e serviços-,
que 57% trabalhavam na área
administrativa ou comercial e
que 65% tinham salários na faixa de R$ 2.326 a R$ 9.300.
Boa parte das demissões está
relacionada aos impactos causados pela turbulência global.
O ritmo de produção caiu, obrigando as empresas a cortar
profissionais e a promover
reestruturação de pessoal.
"Até novembro, a indústria
manteve cautela para cortar e
recorreu a bancos de horas e férias para evitar demissões. Esgotados os recursos, os cortes
foram feitos e envolveram
coordenadores, gerentes, diretores e vice-presidentes", diz
José Augusto Minarelli, presidente da consultoria de recolocação Lens & Minarelli.
Na lista de demissões, entraram primeiro os executivos das
áreas consideradas periféricas
-não ligadas diretamente ao
negócio principal da empresa-
e os que tinham muito tempo
de casa, com maiores salários,
explica a consultora Andrea
Huggard-Caine Reti, sócia
da HuggardCaine.
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