São Paulo, domingo, 14 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INDÚSTRIA

Demissões crescem em 2009 e atingem os mais experientes

Média de idade dos dispe nsados é de 35,8 anos, a maior entre os três setores pesqu isados

RAQUEL BOCATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A crise econômica estremeceu as bases que alicerçam a indústria e fez ruir perspectivas de emprego. Mas não foram sacrificados apenas os postos que exigiam menor nível de escolaridade -os dos executivos também foram impactados.
Das empresas da área consultadas pelo Datafolha, 47% afirmaram ter demitido mais profissionais com formação de nível superior no primeiro trimestre de 2009 do que no mesmo período do ano passado.
Dados do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) mostram que a demissão de quem completou o ensino superior cresceu 24% na comparação do período de novembro de 2007 a março de 2008 com o de novembro de 2008 a março de 2009. É o maior índice entre os setores pesquisados.
"A crise pousou na indústria de forma mais intensa do que em outros setores", destaca Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). O setor, diz, é o primeiro a sofrer os reflexos da crise e o último a sair.
Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o segmento, que apresentava sinais de recuperação em março, com crescimento no faturamento de 2,9% em relação ao mês anterior, voltou a dar sinais de queda. Em abril, seu faturamento recuou 1,9%.
O resultado, segundo a entidade, "sugere que a indústria passa por um processo de transição entre a abrupta queda registrada no quarto trimestre de 2008 e uma recuperação, que ainda não está delineada".

Corte dos mais velhos
A pesquisa Datafolha também indica que os profissionais com nível superior desligados tinham em média 35,8 anos -idade superior à dos demais setores, comércio e serviços-, que 57% trabalhavam na área administrativa ou comercial e que 65% tinham salários na faixa de R$ 2.326 a R$ 9.300.
Boa parte das demissões está relacionada aos impactos causados pela turbulência global. O ritmo de produção caiu, obrigando as empresas a cortar profissionais e a promover reestruturação de pessoal.
"Até novembro, a indústria manteve cautela para cortar e recorreu a bancos de horas e férias para evitar demissões. Esgotados os recursos, os cortes foram feitos e envolveram coordenadores, gerentes, diretores e vice-presidentes", diz José Augusto Minarelli, presidente da consultoria de recolocação Lens & Minarelli.
Na lista de demissões, entraram primeiro os executivos das áreas consideradas periféricas -não ligadas diretamente ao negócio principal da empresa- e os que tinham muito tempo de casa, com maiores salários, explica a consultora Andrea Huggard-Caine Reti, sócia da HuggardCaine.


Texto Anterior: Novo perfil: Profissionais flexíveis são valorizados
Próximo Texto: Indústria: Cortes de executivos preservam empregos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.