São Paulo, domingo, 14 de junho de 2009

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INDÚSTRIA

Cortes de executivos preservam empregos

Desempenho é critério decisivo para escolher quem dispensar

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em alguns setores, como o de móveis e máquinas, a predominância de cortes de postos de nível gerencial destoou do perfil de dispensas da indústria -elas se concentraram em cargos menos qualificados.
"Mesmo que as máquinas estejam paradas, evita-se demissão no chão de fábrica", assinala o presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Luiz Aubert Neto.
O tempo de formação dessa mão de obra, completa, é de nove anos. Esses trabalhadores são, segundo Aubert Neto, "o maior capital da empresa".
O presidente da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), José Luiz Fernandez, concorda. Nem toda escola de formação de marceneiros é equipada, o que exige que a empresa invista para ensiná-los, por exemplo, a trabalhar no computador.
Diante desse cenário, a saída, em alguns setores da indústria, é cortar executivos. O critério mais adotado para dispensar pessoal, dizem consultores, é o baixo desempenho.
"Esse é o primeiro item a ser avaliado em demissões", pontua Silvia Sigaud, sócia da consultoria Korn/Ferry International, responsável pelas áreas de indústria e agronegócio.
O desempate fica por conta do salário, já que a economia também pode significar a manutenção de outros empregos.
"Estamos fazendo o "outplacement" [recolocação] de dois vice-presidentes. Com suas demissões, a indústria preservou de 300 a 400 vagas", afirma o presidente da consultoria de recolocação Lens & Minarelli, José Augusto Minarelli.

Contratação
Nesse cenário, poucas novas contratações têm sido feitas. Ainda assim, aos poucos e com exigências redobradas. "As empresas estão fazendo um número maior de entrevistas de seleção", destaca Vera Sylos, diretora da Alexander Mann, que recruta executivos.
Na seleção, algumas empresas listam dezenas de competências -adequadas, dizem, ao perfil da empresa e às características da vaga. Ter um perfil inovador e que gere resultados, bom relacionamento interpessoal, liderança e proatividade são apenas algumas delas.
Há quem reúna todas elas e mesmo assim não seja o escolhido. Por um motivo que nem sempre é óbvio para os candidatos: a falta de fluência em um idioma estrangeiro.
Segundo a consultora Andrea Huggard-Caine Reti, sócia da HuggardCaine, boa parte dos executivos conta com conhecimentos avançados de inglês e espanhol, mas não consegue se comunicar bem.
Expectativa salarial alta, fora dos padrões do mercado, é outro dos quesitos que mais têm eliminado profissionais das seleções, completa Sylos.
Para alguns profissionais, no entanto, o que tem havido é um achatamento significativo da remuneração. É o que diz Reynaldo Farah Junior, ex-executivo da área de alimentos.
Demitido no segundo semestre do ano passado, ele já participou de seleções. "Chegaram a me oferecer 50% a menos do que meu último salário." (RB)


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