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INDÚSTRIA
Cortes de executivos preservam empregos
Desempenho é critério decisivo para escolher quem dispensar
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em alguns setores, como o de
móveis e máquinas, a predominância de cortes de postos de
nível gerencial destoou do perfil de dispensas da indústria
-elas se concentraram em cargos menos qualificados.
"Mesmo que as máquinas estejam paradas, evita-se demissão no chão de fábrica", assinala o presidente da Abimaq
(Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Luiz Aubert Neto.
O tempo de formação dessa
mão de obra, completa, é de nove anos. Esses trabalhadores
são, segundo Aubert Neto, "o
maior capital da empresa".
O presidente da Abimóvel
(Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), José
Luiz Fernandez, concorda.
Nem toda escola de formação
de marceneiros é equipada, o
que exige que a empresa invista
para ensiná-los, por exemplo, a
trabalhar no computador.
Diante desse cenário, a saída,
em alguns setores da indústria,
é cortar executivos. O critério
mais adotado para dispensar
pessoal, dizem consultores, é o
baixo desempenho.
"Esse é o primeiro item a ser
avaliado em demissões", pontua Silvia Sigaud, sócia da consultoria Korn/Ferry International, responsável pelas áreas
de indústria e agronegócio.
O desempate fica por conta
do salário, já que a economia
também pode significar a manutenção de outros empregos.
"Estamos fazendo o "outplacement" [recolocação] de dois
vice-presidentes. Com suas demissões, a indústria preservou
de 300 a 400 vagas", afirma o
presidente da consultoria de
recolocação Lens & Minarelli,
José Augusto Minarelli.
Contratação
Nesse cenário, poucas novas
contratações têm sido feitas.
Ainda assim, aos poucos e com
exigências redobradas. "As empresas estão fazendo um número maior de entrevistas de seleção", destaca Vera Sylos, diretora da Alexander Mann, que
recruta executivos.
Na seleção, algumas empresas listam dezenas de competências -adequadas, dizem, ao
perfil da empresa e às características da vaga. Ter um perfil
inovador e que gere resultados,
bom relacionamento interpessoal, liderança e proatividade
são apenas algumas delas.
Há quem reúna todas elas e
mesmo assim não seja o escolhido. Por um motivo que nem
sempre é óbvio para os candidatos: a falta de fluência em um
idioma estrangeiro.
Segundo a consultora Andrea Huggard-Caine Reti, sócia
da HuggardCaine, boa parte
dos executivos conta com conhecimentos avançados de inglês e espanhol, mas não consegue se comunicar bem.
Expectativa salarial alta, fora
dos padrões do mercado, é outro dos quesitos que mais têm
eliminado profissionais das seleções, completa Sylos.
Para alguns profissionais, no
entanto, o que tem havido é um
achatamento significativo da
remuneração. É o que diz Reynaldo Farah Junior, ex-executivo da área de alimentos.
Demitido no segundo semestre do ano passado, ele já participou de seleções. "Chegaram a
me oferecer 50% a menos do
que meu último salário."
(RB)
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