São Paulo, terça, 14 de julho de 1998 |
Próximo Texto | Índice HISTÓRIA Instituição não atingiu o grande público; sua sobrevivência sempre dependeu da injeção de recursos privados, condenando o MAM a viver ciclos de penúria e de prosperidade Vida conturbada
MAURICIO PULS da Redação O Museu de Arte Moderna de São Paulo nasceu em 1948 a partir do esforço conjunto de industriais e intelectuais, que pretendiam divulgar o modernismo num mercado ainda dominado pelo academicismo. Esse objetivo "pedagógico" foi explicitado pelo primeiro diretor do mam, Léon Dégand: "A opinião pública não entende nada de arte moderna. É preciso promover sua educação, ainda que à sua revelia". Nesse esforço unilateral (pois não correspondia a uma demanda popular pela "arte moderna") reside a origem das dificuldades do museu, que nunca conseguiu fontes estáveis de autofinanciamento: o museu ia bem quando havia um empresário injetando dinheiro e quase fechava quando as verbas escasseavam. Desde sua primeira exposição, em 8 de março de 1949, o mam desempenhou papel fundamental na difusão das vanguardas internacionais no Brasil. Seu impacto entre os artistas, porém, foi muito maior do que sua influência junto ao público, sempre reduzido. Os recursos para a fundação do mam vieram de Francisco Matarazzo Sobrinho, que doou a maioria de suas obras, além de bancar as despesas com sua sede -inicialmente na rua Sete de Abril e, a partir de 1958, no Ibirapuera. O museu dependia muito da boa vontade do industrial, mas esta começou a declinar depois que ele criou a Bienal, em 1951. A projeção obtida por Cicillo com as exposições superava largamente o retorno que o mam lhe proporcionava. Em 1962, cansado de seus conflitos com os diretores do museu, decidiu concentrar seus recursos nas bienais. Em 1963, comandou uma assembléia que transferiu todo o patrimônio do museu (então com 1.236 obras) para a USP, além de doar outras 438 obras de sua coleção para a universidade. O mam perdeu tudo para o MAC, até mesmo sua sede. Começou então sua segunda fase. Alguns sócios do museu impediram sua dissolução. Em 1968, arrumaram uma nova sede no Ibirapuera (inaugurada em 1969) e pequenas subvenções. O acervo foi recomposto com doações de colecionadores e artistas. Reformado nos anos 80, ganhou maior dinamismo a partir de 1994. Próximo Texto | Índice |
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