São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2008

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CIDADE DOS SONHOS

Parque público abrigaria cultos religiosos

Próxima ao parque do Jaraguá, passarela em espiral imersa em área verde abrigaria terreiro para práticas religiosas

Jubran


MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem só da oferta de lazer são feitos os parques. Para a arquiteta Florencia Chapuis, as áreas verdes também podem propiciar um contato espiritual com a natureza. Essa é a premissa do parque criado por ela em sua tese de doutorado defendida na FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) em 2002 e orientada por Sylvio Sawaya, diretor da faculdade.
Seguidora da doutrina de Santo Daime desde 1993, Florência iniciou a tese com o intuito de criar uma igreja para o culto. A idéia foi ampliada, primeiro, para a criação de um centro regional do Santo Daime, que congregaria os adeptos da região metropolitana de São Paulo -a sede da doutrina fica na vila Céu de Mapiá, no Acre.
Depois, a arquiteta decidiu abrir o espaço a outros cultos. "A coisa foi ficando com valores maiores. Não é específico dessa doutrina valorizar a natureza, a mata", diz. "O parque também estaria aberto aos mais variados cultos que têm sua inserção na natureza", afirma, citando candomblé, umbanda e religiões orientais.
A área escolhida para abrigar o parque foi um vale de laterais bastante íngremes vizinho ao Parque Estadual do Jaraguá, uma das principais áreas verdes da região noroeste da cidade, em um trecho já pertencente ao município de Osasco, na Grande São Paulo. A área do novo parque teria 712 mil m2, tamanho aproximado do parque Villa-Lobos, na zona oeste.
Foram planejados um acessos ao norte, na área mais alta do terreno, e outro ao sul, na parte mais baixa e urbanizada, ambos com estacionamentos. Cortando o vale, a arquiteta projetou uma passarela em forma de espiral que chega a 90 metros de altura e que, em alguns momentos, aproveita o relevo para se apoiar no chão.
Com quase 3 km, o "passadiço", como ela se refere, possibilitaria "um mergulho na mata" -conforme desce, o visitante vai ficando envolto por um paredão verde. "Qualquer um poderia entrar na mata, o que em uma trilha comum não acontece, o acesso é difícil para idosos e deficientes físicos", diz.
O deslocamento é facilitado ainda por um trenzinho, que percorreria a lateral da passarela com estações espalhadas ao longo do caminho, permitindo intercalar a caminhada.

Terreiro
No fundo do vale, a 4,5 m, um platô serviria de terreiro, abrigando rituais, festas e encontros. Embaixo dele, haveria uma área de apoio para eventos -o local abriga também o encontro de dois córregos. Seguindo a trilha, o visitante passaria por um lago e uma área com parquinho, quiosques e um grande auditório.
"É uma indagação sobre como trazer essa floresta para a cidade. Ninguém está propondo nem é viável a proposta de todos irem morar na floresta; acabaria a floresta, mas ter um local para essa aproximação", diz Florencia.


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