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CIDADE DOS SONHOS
Parque público abrigaria cultos religiosos
Próxima ao parque do Jaraguá, passarela em espiral imersa em área verde abrigaria terreiro para práticas religiosas
Jubran
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MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem só da oferta de lazer são
feitos os parques. Para a arquiteta Florencia Chapuis, as
áreas verdes também podem
propiciar um contato espiritual
com a natureza. Essa é a premissa do parque criado por ela
em sua tese de doutorado defendida na FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade de São Paulo)
em 2002 e orientada por Sylvio
Sawaya, diretor da faculdade.
Seguidora da doutrina de
Santo Daime desde 1993, Florência iniciou a tese com o intuito de criar uma igreja para o
culto. A idéia foi ampliada, primeiro, para a criação de um
centro regional do Santo Daime, que congregaria os adeptos
da região metropolitana de São
Paulo -a sede da doutrina fica
na vila Céu de Mapiá, no Acre.
Depois, a arquiteta decidiu
abrir o espaço a outros cultos.
"A coisa foi ficando com valores
maiores. Não é específico dessa
doutrina valorizar a natureza, a
mata", diz. "O parque também
estaria aberto aos mais variados cultos que têm sua inserção
na natureza", afirma, citando
candomblé, umbanda e religiões orientais.
A área escolhida para abrigar
o parque foi um vale de laterais
bastante íngremes vizinho ao
Parque Estadual do Jaraguá,
uma das principais áreas verdes da região noroeste da cidade, em um trecho já pertencente ao município de Osasco, na
Grande São Paulo. A área do
novo parque teria 712 mil m2,
tamanho aproximado do parque Villa-Lobos, na zona oeste.
Foram planejados um acessos ao norte, na área mais alta
do terreno, e outro ao sul, na
parte mais baixa e urbanizada,
ambos com estacionamentos.
Cortando o vale, a arquiteta
projetou uma passarela em forma de espiral que chega a 90
metros de altura e que, em alguns momentos, aproveita o
relevo para se apoiar no chão.
Com quase 3 km, o "passadiço", como ela se refere, possibilitaria "um mergulho na mata"
-conforme desce, o visitante
vai ficando envolto por um paredão verde. "Qualquer um poderia entrar na mata, o que em
uma trilha comum não acontece, o acesso é difícil para idosos
e deficientes físicos", diz.
O deslocamento é facilitado
ainda por um trenzinho, que
percorreria a lateral da passarela com estações espalhadas
ao longo do caminho, permitindo intercalar a caminhada.
Terreiro
No fundo do vale, a 4,5 m, um
platô serviria de terreiro, abrigando rituais, festas e encontros. Embaixo dele, haveria
uma área de apoio para eventos
-o local abriga também o encontro de dois córregos. Seguindo a trilha, o visitante passaria por um lago e uma área
com parquinho, quiosques e
um grande auditório.
"É uma indagação sobre como trazer essa floresta para a
cidade. Ninguém está propondo nem é viável a proposta de
todos irem morar na floresta;
acabaria a floresta, mas ter um
local para essa aproximação",
diz Florencia.
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