São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

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GINECOLOGIA

Do parto normal à cirurgia em feto

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando a mãe do ginecologista e obstetra Antonio Moron, 54, entrou em trabalho de parto, uma parteira foi ao sítio da família, em Cornélio Procópio (PR), mas o bebê não nascia. Um médico viu que o bebê não estava encaixado e que havia fezes no líquido amniótico.
A parturiente teve de ser transportada até Londrina (PR), a 120 km. Dois obstetras realizaram a cesárea que salvou a vida da mãe e do bebê.
Moron cresceu ouvindo essa história e criou uma certeza: seria "um doutor Valdir e um doutor Jonas", os médicos responsáveis pelo parto de risco.
O atual diretor clínico do Centro Paulista de Medicina Fetal veio para São Paulo aos cinco anos, após seu pai, cafeicultor, perder tudo. "Chegamos sem um tostão. Meu pai criou os filhos com o salário de guarda noturno", conta.
Morador da Vila Mariana com seus três filhos, o paranaense é fã incondicional da cidade onde cresceu. Sua clínica está cheia de fotos de São Paulo. Entre os típicos quadros com diplomas, ele exibe com destaque o título de cidadão honorário paulistano, que recebeu em 2004.
Sua principal linha de pesquisa é medicina fetal. "Na Unifesp, somos pioneiros em cirurgias fetais, operamos cérebro, pulmão, rins."
Em 2003, sua equipe fez a primeira cirurgia a céu aberto em feto no Brasil, cortando o útero da mãe. Oito bebês foram operados, mas o programa foi suspenso até que um estudo apresente novas conclusões sobre o procedimento.
Moron lembra que também faz "a parte mais light", como partos sem complicação. "Isso sempre compensa minhas fantasias de alegria." Para ele, o parto normal a melhor opção. Em situações em que há problemas com o bebê, acredita que o seu papel é ajudar os pais, que "precisam ser muito protegidos. Os médicos são transitórios, o filho é eterno."


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