São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

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GINECOLOGIA

Defensor do médico "das antigas"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Edmund Chada Baracat, 56, considera-se um ginecologista "das antigas". O que não quer dizer que está distante dos avanços científicos. Ao contrário, tem uma sólida carreira acadêmica e em pesquisas científicas e vários trabalhos premiados em congressos médicos internacionais.
O adjetivo "antigo" usado pelo médico define uma atuação clínica que procura ver a paciente como um todo, saber ouvir e fazer um exame clínico apurado, que, "nesta era em que as especialidades estão fragmentadas, nem sempre são levados em conta."
Defensor do parto normal, Baracat, nascido em Tupã (SP), não pode vê-lo realizado nos partos da mulher, com quem se casou no último dia da residência médica. "No Brasil, há um índice muito alto de cesáreas, muitas são feitas sem necessidade. Mas há situações em que ela é indicada. No parto da minha primeira filha, minha mulher não teve dilatação. O segundo [filho] estava sentado, e, após duas cesáreas, a terceira foi inevitável."
Os partos foram feitos por um colega da Unifesp e acompanhados por Baracat. "É bom quando o pai assiste o parto, mas isso tem que ser conversado. Se o pai não aguenta ver sangue, é melhor ficar sentado atrás do vidro, sem enxergar nada."
A obstetrícia, porém, não é a atividade principal do médico. Sua linha de pesquisa é mais voltada a questões do climatério e ao campo da ginecologia endocrinológica. É fascinado pelos mecanismos hormonais e as alterações que promovem no organismo feminino.
Ele não é a favor da descriminalização do aborto, mas afirma que as indicações previstas por lei deveriam ser expandidas. "Hoje, só se permite em caso de estupro e de risco de morte da mãe. Acho que deveria incluir mais casos, como os das más-formações incompatíveis com vida."
Por defender essa ampliação da indicação ao aborto, já foi vaiado (por grupos antiaborto) em audiência pública. "Mas também já fui muito aplaudido em congressos. É preciso administrar as duas coisas, controlar o ego, para atendendo correta e honestamente as suas pacientes ", diz. (IB)


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