São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

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ONCOLOGIA

'Ouvir é essencial à prática da medicina'

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ele gosta de Heiddeger, de Kant, do filósofo judeu de origem austríaca Martin Buber, do "Talmud" (registro das interpretações rabínicas sobre o judaísmo) e de Bach. Quando acorda, o oncologista Auro del Giglio, 47, reza, lê e anda na esteira.
Com as aulas na Faculdade de Medicina do ABC e o trabalho no hospital Albert Einstein, só volta para casa às 23h, com exceção das sextas-feiras, em que para antes para cumprir o "shabat" (dia do descanso judaico). "Essa parada preserva a minha vida familiar."
Ele acredita que, por lidar o tempo todo com vida e morte, uma sólida base familiar é essencial para o equilíbrio. "Oncologistas costumam ter muitos filhos. Acho que é uma conexão com a vida que você precisa ter para lidar com a morte." Giglio tem quatro: um casal de gêmeos de 18 anos e duas garotas, de 15 e 20 anos.
Apesar de falar em morte, ele vê muita vida na área. "A oncologia, que já foi absolutamente deprimente, é hoje muito animadora e arrojada", acredita.
O tipo de prática clínica e o vasto campo de pesquisa influíram na escolha da especialidade, assim como a história familiar. "Minha mãe teve câncer e ficou boa. Foi um incentivo."
Na adolescência, pensou em se tornar pianista clássico, até ver que "podemos ter muitos médicos bons, mas, entre pianistas, só há espaço para o melhor". Mas não abandonou o piano: tem aulas com um professor de música e toca bem. Como médico, se considera "bom" e acha o adjetivo "melhor" perigoso. "Já li que o "melhor médico" merece o inferno porque, se ele se acha o melhor, não ouve os outros. Saber ouvir é essencial para a boa prática da medicina." (IB)


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