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ONCOLOGIA
'Ouvir é essencial à prática da medicina'
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ele gosta de Heiddeger, de
Kant, do filósofo judeu de
origem austríaca Martin Buber, do "Talmud" (registro
das interpretações rabínicas
sobre o judaísmo) e de Bach.
Quando acorda, o oncologista Auro del Giglio, 47, reza, lê
e anda na esteira.
Com as aulas na Faculdade de Medicina do ABC e o
trabalho no hospital Albert
Einstein, só volta para casa
às 23h, com exceção das sextas-feiras, em que para antes
para cumprir o "shabat" (dia
do descanso judaico). "Essa
parada preserva a minha vida familiar."
Ele acredita que, por lidar
o tempo todo com vida e
morte, uma sólida base familiar é essencial para o
equilíbrio. "Oncologistas
costumam ter muitos filhos.
Acho que é uma conexão
com a vida que você precisa
ter para lidar com a morte."
Giglio tem quatro: um casal
de gêmeos de 18 anos e duas
garotas, de 15 e 20 anos.
Apesar de falar em morte,
ele vê muita vida na área. "A
oncologia, que já foi absolutamente deprimente, é hoje
muito animadora e arrojada", acredita.
O tipo de prática clínica e
o vasto campo de pesquisa
influíram na escolha da especialidade, assim como a
história familiar. "Minha
mãe teve câncer e ficou boa.
Foi um incentivo."
Na adolescência, pensou
em se tornar pianista clássico, até ver que "podemos ter
muitos médicos bons, mas,
entre pianistas, só há espaço
para o melhor". Mas não
abandonou o piano: tem aulas com um professor de música e toca bem. Como médico, se considera "bom" e acha o adjetivo "melhor" perigoso.
"Já li que o "melhor médico"
merece o inferno porque, se
ele se acha o melhor, não ouve
os outros. Saber ouvir é essencial para a boa prática da
medicina."
(IB)
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