São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

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ONCOLOGIA

Atender também as urgências emocionais

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O que deixa o oncologista Artur Katz, 50, mais feliz é ver um exame melhorar. "A última paciente que vi, uma mulher na faixa dos 40 anos, com um filho de cinco, tem um câncer de mama muito sério e que, apesar dos os tratamentos, vinha piorando. O exame de setembro estava ruim, o de novembro melhorou e o que ela trouxe hoje está muito melhor", comemora em seu consultório no Sírio-Libanês.
Katz conta que a escolha pela medicina não teve motivos muito claros. "O que mais pesou foi ter escutado a vida inteira meu pai, que era comerciante, dizer que gostaria de ter feito medicina."
Logo no início da faculdade, quis se especializar em cirurgia. A parte cirúrgica pareceu, para Katz, menos atraente do que a clínica, e ele mudou.
Convidado por um colega radioterapeuta a acompanhar clinicamente os pacientes, começou a se encantar com a oncologia. "Eu já gostava de clínica, e a oncologia envolve muito o tratamento geral do paciente, permite um contato humano especial e profundo."
Apesar de adorar o que faz, ressente-se da falta de tempo para a família. "Minha filha de seis anos já disse que não vai ser médica porque vai querer estar em casa na hora em que seus filhos forem dormir", diz.
Se o pai pode ser muitas vezes ausente, o médico nunca é. Katz considera dever do médico ser acessível. "Quando você tem uma doença, precisa de alguém presente."
O médico procura cumprir o que prega. Depois das consultas, responde telefonemas de pacientes. "Mesmo quando não há urgência médica, existe a urgência emocional. É preciso explicar por que vale a pena perder o cabelo? É preciso, não é uma preocupação fútil, e o paciente informado participa do tratamento de forma ativa. É paciente, mas não é passivo." (IB)


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