São Paulo, domingo, 15 de março de 2009

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Vitalidade

28% têm plano de saúde

Mensalidades altas e gastos crescentes com remédios levam governo a estudar plano que mistura saúde e capitalização

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Menos de um terço dos idosos brasileiros tem plano de saúde privado. A imensa maioria, 72%, depende do sistema público para enfrentar o período em que mais precisam de assistência médica. Num universo em que os proventos caem vertiginosamente, poucos conseguem bancar os custos.
Entre aqueles com renda familiar superior a dez salários mínimos, faixa em que a cobertura chega a 68%, o custo médio do plano é de R$ 433. No outro extremo, de idosos com renda familiar inferior a cinco mínimos, a cobertura é de apenas 22%, e o gasto médio fica em R$ 203.
Segundo o presidente da ANS (agência do governo que regulamenta o setor), Fausto dos Santos, os planos para idosos seriam ainda mais caros se as operadoras pudessem cobrar livremente. Hoje, o valor máximo permitido para os idosos é de seis vezes o cobrado para a faixa etária mais jovem. "Se eu vendo um plano para um jovem por R$ 70, por exemplo, limito meu teto para a população idosa em R$ 420. Trata-se de um pacto intergeracional, que acaba encarecendo o valor cobrado dos mais jovens para subsidiar o dos mais idosos, que são os que mais utilizam os serviços."
Esse modelo terá que se adaptar no futuro a um novo padrão demográfico. Hoje, segundo o IBGE, há na população sete jovens ou adultos (de 15 a 59 anos) para cada idoso (mais de 60 anos). Em 2050, estima-se que serão dois para um. Assim, menos jovens irão contribuir para um sistema que terá cada vez mais idosos.
Para o presidente da ANS, os planos terão que se reformular. Ele conta que a agência estuda autorizar, a partir de 2010, que as empresas ofereçam, com os planos atuais, uma espécie de capitalização para gastos futuros, em parceria com o sistema bancário.
"Se você tem 34 anos, tende a precisar menos dos serviços de saúde e pode entrar num plano misto, em que parte do pagamento seja para garantir sua atenção imediata e outra seja uma espécie de capitalização a ser usada no futuro", explica. Ele diz que o modelo já existe nos Estados Unidos.

Custo de medicamentos
Outra preocupação das famílias e do governo é o gasto crescente com remédios. De 2005 para o orçamento de 2009, o Ministério da Saúde registrou aumento de 75% com a compra de medicamentos. Os R$ 5,9 bilhões previstos para este ano representam 10% do orçamento total da pasta.
Não se sabe exatamente quanto desse total é para atender a população com mais de 60 anos, mas um levantamento do ministério de gastos com compra de remédios para tratamento de Alzheimer dá uma ideia do que vem pela frente. Em 2003, o gasto do governo com esses remédios foi de R$ 8,1 milhões. Em 2007, pulou para R$ 75 milhões.
"O envelhecimento populacional é um desafio importante, mas velhice não é sinônimo de doença, por isso estamos também investindo em estratégias de prevenção", declara José Telles, diretor do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas do Ministério da Saúde.
Para Renato Veras, diretor da Universidade Aberta da Terceira Idade, vinculada à Universidade do Estado do Rio de Janeiro, é preciso também preparar melhor os médicos para que evitem o consumo excessivo de remédios. O ideal, diz, é que um único profissional oriente o idoso a procurar outros especialistas e tenha controle dos medicamentos de que ele fará uso.




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