São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2001
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RETORNO Alívio marca chegada de brasileiros
Desembarcam no país os passageiros dos primeiros vôos vindos de NY desde os atentados DA REPORTAGEM LOCAL FREE-LANCE PARA A FOLHA Cansados, aliviados e emocionados, chegaram ontem ao Brasil os primeiros passageiros vindos de Nova York desde a interrupção de vôos causada pelos atentados terroristas nos EUA. O primeiro avião a tocar o solo brasileiro -sob aplausos dos passageiros- foi o do vôo 8865, da Varig, que chegou ao aeroporto de Guarulhos (Grande São Paulo) às 7h. Algumas pessoas desembarcaram chorando. A maioria festejou com abraços em amigos e parentes o fato de ter saído ilesa de Nova York. Entre os passageiros estavam o ex-presidente do BNDES Pérsio Arida e o empresário João Paulo Diniz, que no mês passado sofreu um acidente de helicóptero. Ele disse que foi aos EUA para acompanhar uma cirurgia de seu pai, o empresário Abílio Diniz. O publicitário Nizan Guanaes esteve no aeroporto para encontrar sua namorada, Donata, que havia ido a Nova York participar da Fashion Week, um evento de moda que acabou cancelado. Também escaladas para desfilar no evento, as modelos Mariana Weickert, 19, e Talytha Pugliese, 19, tiveram de voltar ao Brasil com roupas emprestadas. Elas moram há dois anos em Nova York, em um apartamento que fica a quatro quadras do World Trade Center, e não conseguiram voltar para lá depois dos atentados que destruíram o complexo de edifícios. "O prédio foi evacuado e toda a área está interditada. Estávamos desesperadas para sair de lá", disse Mariana. O vôo 8865 transportou 279 passageiros. Outros dois vôos que chegaram a São Paulo ontem (da Continental Airlines e da United Airlines) trouxeram mais 315. Passagens No desespero para voltar ao Brasil, o industrial de origem libanesa Charles Tawil, 59, e a mulher, Miriam, 49, compraram passagens em três companhias (Varig, United e American). "Queria garantir o lugar na empresa que chegasse primeiro. Depois vou tentar recuperar algum valor. Se não der, já valeu ter chegado", disse Tawil, que conseguiu embarcar no vôo da Continental. O empresário afirmou não ter sentido nenhum tipo de preconceito nos EUA pelo fato de ter feições árabes. A farmacêutica Cristiane Rodrigues da Silva, 32, viajou a trabalho para os EUA e, no dia do atentado, seria recepcionada no World Trade Center, para um café da manhã. "Resolvemos cancelar porque achávamos que estaríamos muito cansados." O comerciante Oldemar Alves, 55, voltaria naquele dia para o Brasil e já tinha programado uma visita ao complexo de edifícios pela manhã. "Desistimos porque ficamos com medo de não dar tempo de comprar presentes para os meus netos." José Roberto Upeice, advogado, 56, disse que conhecia Ivan Barbosa, um dos brasileiros dados como desaparecidos após os atentados. Revistas Alguns dos 169 passageiros que chegaram a São Paulo no terceiro vôo vindo de Nova York, da United Airlines, se diziam assustados com as revistas a que foram submetidos no aeroporto norte-americano. Eles chegaram ao aeroporto de Guarulhos às 12h30 de ontem, com três horas de atraso. A enfermeira Consuelo Resende, 40, e a dentista Marinela Pires, 36, afirmaram ter passado por duas vistorias. "Quase tiraram a minha roupa", disse Consuelo. Estava prevista para ontem a saída de um vôo da United, de São Paulo para Nova York, às 21h15. O vôo da American Airlines nesse mesmo trajeto, previsto para as 21h10, havia sido cancelado. Rio No Rio, local de chegada de um vôo conjunto da Varig e da United, desembarcaram 279 passageiros, entre eles o deputado federal Severino Cavalcanti (PPB-PE) e as modelos Luma de Oliveira e Luiza Brunet -a última acompanhada pela filha, Yasmin. "Nunca quis tanto voltar para o Brasil", disse Luma, que viu da janela de seu apartamento, no 42º andar de um edifício no sul de Manhattan, o segundo avião atingir o World Trade Center. O comissário de bordo Roberto Schimidt esperou com um buquê de rosas a mulher, a também comissária Mônica Schimidt, que fazia parte da tripulação do vôo de ontem. O reencontro foi marcado por muitos beijos e lágrimas. "Estamos há 15 anos juntos, e acho que nunca sofri tanto de saudades", disse Roberto. O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, chegou ao Rio em um avião vindo de Houston. (ALENCAR IZIDORO e MAURÍCIO THUSWOHL) Texto Anterior: Solidariedade: Embratel vira "CVV" de familiares Próximo Texto: Atentado faz brasileiro pensar em deixar EUA Índice |
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