São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

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2 - SIM!

Favoráveis à proibição do comércio de munição e armas citam queda nas mortes, risco menor de acidentes e criação de uma "cultura de paz"

Uma política de segurança eficaz para reduzir as mortes por armas de fogo. Os defensores do "sim" à proibição da venda de armas e munição buscam convencer o eleitor com esse discurso, estatísticas e a construção da "cultura de paz".
A mais alardeada dessas estatísticas foi anunciada em setembro pelo governo federal. Pela primeira vez desde 1992 caiu o número de mortes por armas de fogo no país. A redução de 8,2% em 2004, em comparação com 2003, foi atribuída pelo Ministério da Justiça à campanha pela entrega voluntária de armas e à implantação do Estatuto do Desarmamento, em dezembro de 2003. As 3.234 vidas poupadas viraram um símbolo a favor do "sim".
Os homicídios cometidos por pessoas sem passado criminoso são bastante citados como passíveis de diminuição. São os crimes motivados por brigas de trânsito, em bares ou entre familiares.
Nessas situações, diz a frente do "sim", a presença da arma torna fatal um conflito que poderia ser passageiro. Pelos dados de 2004 da Polícia Civil de São Paulo, esses casos são a primeira causa de homicídios no Estado, e os latrocínios (roubos seguidos de morte) representaram só 5% deles.
"Sabemos que proibir a venda de armas não resolverá definitivamente a criminalidade, mas resolve o crime por motivo fútil", diz o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente da frente parlamentar Brasil sem Armas.
Outro fator citado é que, com menos armas em circulação, diminuem também os acidentes domésticos. Em 2002, pelos dados do Datasus, a cada dia, duas crianças de até 14 anos eram feridas por tiros acidentais.
Entre os outros argumentos está o risco maior de morrer para alguém que, armado, reage a um assalto. Mas é também no combate à criminalidade que os movimentos a favor do "sim" vêem motivos para a proibição. Segundo eles, uma das fontes que abastecem os criminosos são armas compradas legalmente, que depois são roubadas, furtadas ou perdidas. Além disso, afirmam, ao colocar o mercado de armas todo na clandestinidade, a fiscalização por parte da polícia ficará mais fácil. "Onde é mais fácil pegar o desvio? Na porta da fábrica ou depois que [as armas] foram para milhares de lojas e casas? [A proibição] facilita o trabalho da polícia e de repressão", diz o diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne.
Os defensores da proibição dizem que o envolvimento da população no referendo ajudará a criar uma "cultura de paz", já que a questão da segurança será debatida por todos, evitando o discurso de combater "violência com mais violência". (VICTOR RAMOS)


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