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2 - SIM!
Favoráveis à proibição
do comércio de munição
e armas citam queda nas
mortes, risco menor de
acidentes e criação de
uma "cultura de paz"
Uma política de
segurança eficaz para reduzir as mortes
por armas de
fogo. Os defensores do "sim"
à proibição da
venda de armas e munição buscam convencer o eleitor com esse
discurso, estatísticas e a construção da "cultura de paz".
A mais alardeada dessas estatísticas foi anunciada em setembro
pelo governo federal. Pela primeira vez desde 1992 caiu o número
de mortes por armas de fogo no
país. A redução de 8,2% em 2004,
em comparação com 2003, foi
atribuída pelo Ministério da Justiça à campanha pela entrega voluntária de armas e à implantação
do Estatuto do Desarmamento,
em dezembro de 2003. As 3.234
vidas poupadas viraram um símbolo a favor do "sim".
Os homicídios cometidos por
pessoas sem passado criminoso
são bastante citados como passíveis de diminuição. São os crimes
motivados por brigas de trânsito,
em bares ou entre familiares.
Nessas situações, diz a frente do
"sim", a presença da arma torna
fatal um conflito que poderia ser
passageiro. Pelos dados de 2004
da Polícia Civil de São Paulo, esses
casos são a primeira causa de homicídios no Estado, e os latrocínios (roubos seguidos de morte)
representaram só 5% deles.
"Sabemos que proibir a venda
de armas não resolverá definitivamente a criminalidade, mas resolve o crime por motivo fútil", diz o
senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), presidente da frente
parlamentar Brasil sem Armas.
Outro fator citado é que, com
menos armas em circulação, diminuem também os acidentes
domésticos. Em 2002, pelos dados
do Datasus, a cada dia, duas
crianças de até 14 anos eram feridas por tiros acidentais.
Entre os outros argumentos está
o risco maior de morrer para alguém que, armado, reage a um assalto. Mas é também no combate
à criminalidade que os movimentos a favor do "sim" vêem motivos para a proibição. Segundo
eles, uma das fontes que abastecem os criminosos são armas
compradas legalmente, que depois são roubadas, furtadas ou
perdidas. Além disso, afirmam,
ao colocar o mercado de armas
todo na clandestinidade, a fiscalização por parte da polícia ficará
mais fácil. "Onde é mais fácil pegar o desvio? Na porta da fábrica
ou depois que [as armas] foram
para milhares de lojas e casas? [A
proibição] facilita o trabalho da
polícia e de repressão", diz o diretor-executivo do Instituto Sou da
Paz, Denis Mizne.
Os defensores da proibição dizem que o envolvimento da população no referendo ajudará a
criar uma "cultura de paz", já que
a questão da segurança será debatida por todos, evitando o discurso de combater "violência com
mais violência".
(VICTOR RAMOS)
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