São Paulo, Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 1999 |
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Com enredo sobre Villa-Lobos, a escola que recebeu gritos de "É campeã!" tem como concorrentes a Viradouro e a Mangueira Mocidade entusiasma o público e é a favorita no Sambódromo do Rio
MÁRIO MOREIRA da Sucursal do Rio A Mocidade Independente é a grande favorita para conquistar o título do Carnaval carioca em 99. Quinta a se apresentar na segunda noite de desfiles no Sambódromo, exatamente entre as duas campeãs do ano passado, Mangueira e Beija-Flor, a Mocidade foi a escola que recebeu, de longe, os mais numerosos e entusiasmados gritos de "É campeã!" do público ouvidos este ano. O enredo sobre o compositor Villa-Lobos, desenvolvido de maneira tropicalista pelo carnavalesco Renato Lage, a criatividade da bateria de mestre Jorjão e a animação dos componentes, embalados por um samba fácil de cantar, são os maiores trunfos da escola de Padre Miguel. A Unidos do Viradouro, de Joãosinho Trinta, é a mais séria concorrente da Mocidade. Destaque no desfile de domingo, a escola, no entanto, deve perder pontos em evolução -teve que correr no final para não estourar o tempo-, e seu enredo sobre Anita Garibaldi não tinha uma unidade que permitisse a compreensão total da proposta do carnavalesco. Verde-e-rosa Se os julgadores se deixarem levar pela emoção, a Mangueira levará vantagem. Com um enredo que tinha todo o jeito da escola -uma homenagem ao samba-, a verde-e-rosa teve como destaque uma comissão de frente formada por 14 componentes caracterizados como grandes sambistas da história e liderada pelo dançarino Carlinhos de Jesus. Se o que valer, porém, for apenas o rigoroso atendimento das exigências regulamentares, duas outras escolas podem se permitir sonhar com o título: a Beija-Flor e a Imperatriz Leopoldinense. Embora sem empolgar, as duas escolas passaram certinho, sem deixar buracos, e isso costuma influenciar o júri. Mesmice Na parte estética, afora o neotropicalismo da Mocidade -que provou que biografia não necessariamente implica burocracia-, a mesmice deu, mais uma vez, o tom dos desfiles no Rio. Assim, escolas com enredos geográficos buscaram as mesmas soluções visuais -carros alegóricos com crustáceos gigantescos, por exemplo, foram vistos no Salgueiro e na Vila Isabel, que falaram, respectivamente, sobre as cidades de Natal e João Pessoa. Nem mesmo a crise por que passa o país foi explorada, ainda que de passagem, pelos carnavalescos. A única referência foi num carro da Portela, que homenageou Minas Gerais: um "Itamar Franco" segurando uma pastinha com a palavra "moratória". Na parte musical, nenhum samba teve grande destaque. Os da Viradouro, por algumas frases melódicas, do Salgueiro, pelos refrãos fortes, e da Mocidade, ajudado pela animação geral da escola, foram os de maior sucesso. O samba da Beija-Flor, bonito no CD, revelou-se difícil de ser sustentado pelos componentes da escola durante o desfile, por ser composto num tom muito baixo. Próximo Texto: Mocidade troca futurismo por tropicalismo Índice |
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