São Paulo, Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 1999
Próximo Texto | Índice

Com enredo sobre Villa-Lobos, a escola que recebeu gritos de "É campeã!" tem como concorrentes a Viradouro e a Mangueira
Mocidade entusiasma o público e é a favorita no Sambódromo do Rio

Patrícia Santos/Folha Imagem
A modelo Luiza Brunet, grávida de sete meses, desfila como madrinha da bateria da Imperatriz


MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio

A Mocidade Independente é a grande favorita para conquistar o título do Carnaval carioca em 99.
Quinta a se apresentar na segunda noite de desfiles no Sambódromo, exatamente entre as duas campeãs do ano passado, Mangueira e Beija-Flor, a Mocidade foi a escola que recebeu, de longe, os mais numerosos e entusiasmados gritos de "É campeã!" do público ouvidos este ano.
O enredo sobre o compositor Villa-Lobos, desenvolvido de maneira tropicalista pelo carnavalesco Renato Lage, a criatividade da bateria de mestre Jorjão e a animação dos componentes, embalados por um samba fácil de cantar, são os maiores trunfos da escola de Padre Miguel.
A Unidos do Viradouro, de Joãosinho Trinta, é a mais séria concorrente da Mocidade.
Destaque no desfile de domingo, a escola, no entanto, deve perder pontos em evolução -teve que correr no final para não estourar o tempo-, e seu enredo sobre Anita Garibaldi não tinha uma unidade que permitisse a compreensão total da proposta do carnavalesco.

Verde-e-rosa
Se os julgadores se deixarem levar pela emoção, a Mangueira levará vantagem.
Com um enredo que tinha todo o jeito da escola -uma homenagem ao samba-, a verde-e-rosa teve como destaque uma comissão de frente formada por 14 componentes caracterizados como grandes sambistas da história e liderada pelo dançarino Carlinhos de Jesus.
Se o que valer, porém, for apenas o rigoroso atendimento das exigências regulamentares, duas outras escolas podem se permitir sonhar com o título: a Beija-Flor e a Imperatriz Leopoldinense.
Embora sem empolgar, as duas escolas passaram certinho, sem deixar buracos, e isso costuma influenciar o júri.

Mesmice
Na parte estética, afora o neotropicalismo da Mocidade -que provou que biografia não necessariamente implica burocracia-, a mesmice deu, mais uma vez, o tom dos desfiles no Rio.
Assim, escolas com enredos geográficos buscaram as mesmas soluções visuais -carros alegóricos com crustáceos gigantescos, por exemplo, foram vistos no Salgueiro e na Vila Isabel, que falaram, respectivamente, sobre as cidades de Natal e João Pessoa.
Nem mesmo a crise por que passa o país foi explorada, ainda que de passagem, pelos carnavalescos.
A única referência foi num carro da Portela, que homenageou Minas Gerais: um "Itamar Franco" segurando uma pastinha com a palavra "moratória".
Na parte musical, nenhum samba teve grande destaque.
Os da Viradouro, por algumas frases melódicas, do Salgueiro, pelos refrãos fortes, e da Mocidade, ajudado pela animação geral da escola, foram os de maior sucesso.
O samba da Beija-Flor, bonito no CD, revelou-se difícil de ser sustentado pelos componentes da escola durante o desfile, por ser composto num tom muito baixo.


Próximo Texto: Mocidade troca futurismo por tropicalismo
Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.