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RIO
Beija-Flor e Imperatriz não empolgam
Mocidade troca futurismo por tropicalismo
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
Depois de um desfile pesado em
1998, com carros repletos de luzes
e efeitos especiais, o carnavalesco
da Mocidade Independente, Renato Lage, resolveu dar adeus aos
néons e às propostas futuristas que
lhe renderam um sexto lugar.
Deu vivas aos índios, à brasilidade e ao tropicalismo e montou um
desfile que rendeu à escola gritos
de "É campeã!" durante quase toda
a pista do Sambódromo.
"Tentei fazer alguma coisa diferente. Consegui levantar a escola e
as arquibancadas", disse Lage.
O público começou a perceber a
diferença ao se deparar, no início
do desfile sobre Villa-Lobos, com
uma acrobática comissão de frente
formada por "sapos".
Lage inverteu a ordem tradicional dos desfiles e colocou várias
alas antes do carro abre-alas.
Villa-Lobos foi representado pelo ator Marcos Palmeira, que, em
um carro alegórico, "regia" um
grupo de músicos clássicos.
Com o enredo "O Século do Samba" , a Mangueira fez uma comovente homenagem a sambistas já
mortos, como Cartola e Pixinguinha, na comissão de frente.
O que prometia ser um desfile
inesquecível, no entanto, transformou-se em correria no final, para
que os 4.500 componentes conseguissem terminar sua passagem no
tempo -80 minutos.
Pequenas vaidades também atrapalharam. Escalada para ocupar
um carro alegórico, a apresentadora de TV Carla Perez decidiu descer para a pista ao perceber que,
onde estava, passava despercebida
do público e dos fotógrafos.
Sua aventura no chão durou
pouco. Irritados com a invasão dos
fotógrafos, dirigentes da escola
obrigaram a ex-dançarina do É o
Tchan a voltar para seu lugar.
Grávida de sete meses, Luiza
Brunet, madrinha da bateria da
Imperatriz, bem que se esforçou,
mas a apresentação da escola para
o enredo "Brasil, Mostra a sua Cara
no Theatrum Rerum Naturalium
Brasiliae" não empolgou -foi um
desfile apenas correto.
Outra grávida foi a modelo Luciana Gimenez. Fantasiada de noiva, ela desfilou na Grande Rio e recusou-se a confirmar se o rolling
stone Mick Jagger é o pai de seu bebê. "É ruim de eu contar, hein?"
A Grande Rio, que homenageou
o jornalista Assis Chateaubriand,
apresentou o enredo de forma bem
didática. Seu destaque foi o carro
alegórico representando rotativas
de um jornal.
Com uma comissão de frente
mostrando casais dançando o minueto, a Beija-Flor fez um desfile
certinho para contar a história da
cidade mineira de Araxá.
Apesar de não ter empolgado o
público, a escola evoluiu bem: foi
uma das poucas sem "buracos" entre as alas e sem correria para encerrar sua passagem em tempo.
A segunda noite do desfile foi
aberta pela Tradição. Do enredo
sobre o bairro de Jacarepaguá (zona oeste do Rio), pouco se lembrará. O desfile ficará como o que
marcou a estréia de Suzana Alves, a
Tiazinha, no Sambódromo.
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