São Paulo, Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 1999
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RIO
Beija-Flor e Imperatriz não empolgam
Mocidade troca futurismo por tropicalismo

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

Depois de um desfile pesado em 1998, com carros repletos de luzes e efeitos especiais, o carnavalesco da Mocidade Independente, Renato Lage, resolveu dar adeus aos néons e às propostas futuristas que lhe renderam um sexto lugar.
Deu vivas aos índios, à brasilidade e ao tropicalismo e montou um desfile que rendeu à escola gritos de "É campeã!" durante quase toda a pista do Sambódromo.
"Tentei fazer alguma coisa diferente. Consegui levantar a escola e as arquibancadas", disse Lage.
O público começou a perceber a diferença ao se deparar, no início do desfile sobre Villa-Lobos, com uma acrobática comissão de frente formada por "sapos".
Lage inverteu a ordem tradicional dos desfiles e colocou várias alas antes do carro abre-alas.
Villa-Lobos foi representado pelo ator Marcos Palmeira, que, em um carro alegórico, "regia" um grupo de músicos clássicos.
Com o enredo "O Século do Samba" , a Mangueira fez uma comovente homenagem a sambistas já mortos, como Cartola e Pixinguinha, na comissão de frente.
O que prometia ser um desfile inesquecível, no entanto, transformou-se em correria no final, para que os 4.500 componentes conseguissem terminar sua passagem no tempo -80 minutos.
Pequenas vaidades também atrapalharam. Escalada para ocupar um carro alegórico, a apresentadora de TV Carla Perez decidiu descer para a pista ao perceber que, onde estava, passava despercebida do público e dos fotógrafos.
Sua aventura no chão durou pouco. Irritados com a invasão dos fotógrafos, dirigentes da escola obrigaram a ex-dançarina do É o Tchan a voltar para seu lugar.
Grávida de sete meses, Luiza Brunet, madrinha da bateria da Imperatriz, bem que se esforçou, mas a apresentação da escola para o enredo "Brasil, Mostra a sua Cara no Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae" não empolgou -foi um desfile apenas correto.
Outra grávida foi a modelo Luciana Gimenez. Fantasiada de noiva, ela desfilou na Grande Rio e recusou-se a confirmar se o rolling stone Mick Jagger é o pai de seu bebê. "É ruim de eu contar, hein?"
A Grande Rio, que homenageou o jornalista Assis Chateaubriand, apresentou o enredo de forma bem didática. Seu destaque foi o carro alegórico representando rotativas de um jornal.
Com uma comissão de frente mostrando casais dançando o minueto, a Beija-Flor fez um desfile certinho para contar a história da cidade mineira de Araxá.
Apesar de não ter empolgado o público, a escola evoluiu bem: foi uma das poucas sem "buracos" entre as alas e sem correria para encerrar sua passagem em tempo.
A segunda noite do desfile foi aberta pela Tradição. Do enredo sobre o bairro de Jacarepaguá (zona oeste do Rio), pouco se lembrará. O desfile ficará como o que marcou a estréia de Suzana Alves, a Tiazinha, no Sambódromo.


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