São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

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Os andróides de Liverpool

Ladytron

Bruno Yutaka Saito

Eles parecem andróides saídos do filme cult "Blade Runner", com seu visual gótico-punk-futurista. Mas Mira Aroyo, Daniel Hunt, Reuben Wu e Helen Marnie saíram mesmo de Liverpool para montar o "fab four" eletrônico Ladytron, uma das mais empolgantes e sedutoras formações a emergir no instável cenário electro do começo desta década.

Enquanto o electro pouco evoluiu desde então e teve sua morte decretada pelos mais afoitos, o Ladytron foi além. Muito em parte por sua "eletrô-nica com atitude", esboçada nos dois primeiros discos, "604" (2001) e "Light & Magic" (2002), e, enfim, lapidada no terceiro e mais recente, o roqueiro "Witching Hour" (2005). "Se você quer fazer parte de uma cena, tem que fazer mais do mesmo. Não é o nosso caso", diz Hunt, que já tocou como DJ no Brasil.

O conceito inicial --que recriava a estética Kraftwerk do frio "homem-máquina" movido a sintetizadores- ganha agora mais flexibilidade, mas aprofunda o mergulho em temas ambíguos, que fazem conviver em uma mesma música sonoridades sombrias e o mais puro e descarado pop -em grande parte pela vozinha fantasmagórica e quase infantil de Marnie.

O que o público brasileiro pode esperar do Ladytron é uma banda mais pesada, que leva ao palco sintetizadores -eles não usam samples- e instrumen-tos de bandas "de verdade", como guitarra e bateria.

"O povo da eletrônica sempre tem medo das bandas que acabam soando muito roqueiras. Sinto como se tivesse que ficar explicando que não nos tornamos uma banda de rock."

Além de excelentes hits de pistas alternativas, como "Playgirl" e "Seventeen", Hunt promete músicas que estarão no próximo disco, além das mais recentes "Sugar" e "Destroy Everything You Touch". "Há uma atmosfera sombria, de inquie-tação neste disco", diz Hunt, que buscou inspiração na cena shoegazer dos anos 90, de gente como My Bloody Valentine e Ride, que tocavam olhando para o sapato. Mas, neste show, só vale olhar fixamente para o palco.

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