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"Ela me faz querer ser mulher",
diz rapaz
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
"Holly veio de Miami, Flórida/ Atravessou os EUA pegando carona/ Depilou as sobrancelhas no caminho/ Raspou as
pernas e então ele virou ela",
canta Lou Reed em "Walk on
the Wild Side" (1972).
Troque Holly por Lyra e Miami por São José do Rio Preto
(SP), e eis aí parte da história de
Eufrázio Fraga, 27.
O resto, Lyra conta agora: "Se
não fosse Madonna, quem iria
me inspirar? Cyndi Lauper?
Xuxa? Queremos ser Madonna! Ela enfrentou preconceitos
e me ensinou a ser eu mesma.
Ela me fez querer ser mulher".
Mas sua busca pela feminidade não foi vencida da noite para
o dia. "Até seis meses atrás, eu
saía com roupa de menino. Só
usava vestido e maquiagem em
festas na casa de amigos. No interior, você tem de se esconder
da sociedade."
Com 1,87 m e salto número
12, Eufrázio estreou como Lyra
(lê-se laira) em março, em uma
balada na casa noturna Vegas:
"Fui de minivestido preto. As
mulheres olhavam meio com
inveja; os homens desejavam,
mas não sabiam como chegar.
Nessa noite, beijei quatro".
Desde então, ele passou a tomar hormônios e a se tornar cada vez mais ela. As pernas, ao
contrário da música de Lou
Reed, nem precisou raspar.
"Nunca tive muito pêlo. As sobrancelhas? Ah, essas sim. Desde os 12 anos!"
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