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1938
À sombra da guerra
O fascismo italiano volta a triunfar
no Mundial da França, e a Alemanha
joga com atletas da Áustria anexada
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em 1938, no Rio de Janeiro, o
poeta Jonas Rosa comprou um
jornal que estampava, na primeira página: "Não confunda,
Leônidas, o lacedemônio, com
Leônidas, este demônio".
O bom humor estava nas alturas. Leônidas da Silva era
mais que um rei espartano, era
o diamante negro. Encantou o
público francês, marcou oito
vezes e se tornou o primeiro
negro artilheiro de uma Copa
do Mundo. Na vitória contra a
Tchecoslováquia, deu uma bicicleta: a foto correu o mundo.
Caçado em campo, não pôde
jogar a semifinal contra a Itália,
partida que tirou o Brasil da final do Mundial. Muitos anos
depois, seus inimigos o acusaram de ter sido comprado por
Benito Mussolini, o Duce, ditador fascista italiano, assim como teria ocorrido com Domingos da Guia, que fez o pênalti
sobre o italiano Piola, lance que
decidiu o jogo. Puro racismo.
Fora da esfera esportiva, a
política, que já esteve presente
em 1934, nunca mais deixou de
bater ponto nos Mundiais.
A Itália fascista utilizou suas
vitórias nas Copas de 1934 e
1938 como propaganda do regime, assim como Adolf Hitler
tentou fazer ao sediar a Olimpíada de Berlim, em 1936.
A Alemanha nazista, porém,
não repetiu o êxito na Copa de
1938. Mesmo com atletas austríacos - a Áustria foi anexada
pelos alemães naquele ano-,
não passou da primeira fase.
Os alemães se mostravam
mais bem-sucedidos nos campos político e militar. Além da
Áustria, tomou os Sudetos, na
Tchecoslováquia, e a Polônia.
Já a equipe italiana, liderada
pelo meia Giuseppe Meazza,
era uma metáfora da expansão
fascista e nazista pelo mundo.
O fascismo atingia Portugal,
sob a ditadura de Salazar desde
1933, e Espanha, cuja guerra civil chegou ao fim em 1939 com
a vitória do "caudilho de Deus",
o ditador Francisco Franco.
Até no Brasil as ideias fascistas estiveram presentes, graças
à Ação Integralista Brasileira,
fundada por Plínio Salgado em
outubro de 1932.
A África também foi palco da
expansão fascista. Em outubro
de 1935, a Itália invadiu a Etiópia. Apesar dos protestos do
imperador etíope Haile Selassiê à Sociedade das Nações, organização internacional fundada após a Primeira Guerra
Mundial e da qual a Etiópia era
membro desde 1923, a entidade
nada fez de concreto para barrar Benito Mussolini -apenas
aprovou sanções que foram
descumpridas pelo ditador.
Em maio do ano seguinte, o
Duce anunciou o final da guerra e a anexação da Etiópia ao
império colonial italiano, juntamente com Abissínia, Eritréia, Somália e Líbia.
Com o início da Segunda
Guerra Mundial, em 1939, as
colônias inglesas e francesas
foram usadas pelas metrópoles
para fornecer gêneros agrícolas, minerais e também milhares de soldados.
Os territórios franceses na
África ficaram, depois de vários
combates, sob o controle do governo no exílio, liderado pelo
general Charles de Gaulle, futuro presidente do país.
Isso porque, na Segunda
Guerra, parte da França foi
ocupada, a partir de 1940, pela
Alemanha de Hitler. No centro-sul do país, foi organizado
um governo colaboracionista
com os nazistas, em Vichy, sob
comando do marechal Petain.
O norte do continente africano foi teatro de vários combates, como a célebre batalha de
El Alemain, quando o Exército
alemão, comandado pelo general Rommel, foi derrotado pelas tropas aliadas sob a chefia
do marechal Montgomery.
(MARCO ANTONIO VILLA)
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