|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DEPOIS
Após esse prazo, 50% dos compradores têm problemas; infiltração lidera a "lista negra"
Lua-de-mel dura em média 135 dias
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O encantamento e a sensação
de sonho realizado após o recebimento de um imóvel novo duram
em média 4,5 meses. Após esse
prazo, nada menos do que a metade dos compradores experimenta problemas com a obra.
Paradoxalmente, os apartamentos mais caros apresentam
problemas antes: nas unidades de
custo até R$ 50 mil, o prazo médio
até o surgimento de um imprevisto foi de 6,6 meses. Na faixa oposta, acima de R$ 200 mil, bastaram
3,5 meses, em média, para que
aparecesse um transtorno. E o
aborrecimento mais comum foi a
infiltração, com 42% dos casos.
Segundo o engenheiro Guilherme Ribeiro, da imobiliária Cia.
Bandeirantes e instrutor da Universidade Secovi, esse tipo de problema pode ser causado por erro
de execução da obra, mas o mais
comum é os vazamentos serem
causados por erros de moradores.
"Muitas vezes o proprietário faz
modificações antes de entrar no
imóvel. O funcionário que vai fazer a instalação não conhece a
planta e fura um encanamento."
Reclamações
Se for comprovado que o defeito foi na execução do projeto, tanto a incorporadora como a construtora que assinam a obra têm
responsabilidade solidária. Isso
quer dizer, segundo o advogado
Flávio Gonzaga, sócio da Machado, Meyer, Sendacz e Opice, que
as duas empresas têm as mesmas
obrigações na reparação dos prejuízos. O ideal, segundo ele, é fazer reclamações, sempre por escrito e protocoladas, a ambas.
A dica é seguida por uma parcela muito pequena dos compradores. Segundo a pesquisa Datafolha, 82% das pessoas com problemas no apartamento entraram
em contato com a construtora,
4%, com a incorporadora, e apenas 2% reclamaram em ambas as
empresas. O restante (12%) não
entrou em contato com ninguém.
As construtoras conseguiram
resolver 62% dos problemas, numa média de 30 dias passados até
a solução definitiva. Quase empatadas, incorporadoras solucionaram 61% dos chamados, gastando
uma média de 44 dias.
Prazo de entrega
Apesar da alta incidência de defeitos na obra, o atraso na entrega
das chaves é o grande campeão de
queixas no Procon-SP. No universo pesquisado pelo Datafolha,
a minoria (26%) das empresas
descumpriu a promessa.
Quem sofre o transtorno, contudo, não hesita em reclamar. "Isso atrapalha todo o planejamento
do consumidor", afirma Sonia
Cristina Amaro, assistente de direção do Procon-SP. Segundo ela,
o consumidor deve se certificar de
que o prazo de entrega está estipulado no contrato, ou requerer
sua fixação em juízo.
Mas é bom ficar alerta para o fato de que nem sempre o atraso é
ilegal. A Lei de Incorporações não
prevê, segundo Gonzaga, a postergação da entrega, mas, se o
contrato estabelecer essa possibilidade, ela é legal. "Esse ajuste
contratual, geralmente de seis
meses, é comum no mercado, como uma válvula de escape para
eventuais problemas", afirma Antonio Setin, da construtura Setin.
Com um índice de 98% dos prazos de entrega cumpridos, de
acordo com o Datafolha, a Tecnisa conta que a regularidade é "resultado da solidez financeira".
"Quando compramos mercadorias, não precisamos fazer jogadas
financeiras", diz Romeo Busarello, diretor de marketing.
Outro aborrecimento significativo (24% dos casos) é o descumprimento de itens previstos no
memorial descritivo do prédio.
Segundo a pesquisa, os que mais
faltaram foram sala de ginástica
(5% dos casos), garagem (3%),
playground (3%), salão de jogos
(3%), quadra esportiva (3%) e salão de festas (3%), entre outros.
A ausência de itens descritos
também não é sempre irregular.
"No decorrer da obra, pode acontecer de a empresa precisar fazer
alterações. Pela lei, isso pode
ocorrer se for em decorrência de
exigência do poder público ou
com a anuência de todos os compradores", diz Amaro.
(RE E RGV)
Texto Anterior: Durante: Corretor passa, mas atendimento é falho Próximo Texto: Perfil: Pesquisa ouviu 1.204 moradores Índice
|