São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2011

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MEU CASO COM A FOLHA

Duas vezes, dois motivos

CARLOS HEITOR CONY
COLUNISTA DA FOLHA

Meu primeiro contato profissional com a Folha foi em 1962. Naquele ano, eu escrevia crônicas para o "Correio da Manhã", do Rio de Janeiro, e fui convidado pela tia Lenita, que editava, creio eu, a Folhinha, a autorizar a transcrição dos meus textos publicados no jornal carioca. Disse-me ela que eu revezaria, dia sim, dia não, com outro escritor, no caso, a poeta Cecília Meireles.
Nossas crônicas faziam parte da página de opinião, se não me engano, a quarta. Mantive a coluna até 1966, quando tive de me ausentar do país, num autoexílio que durou algum tempo.
No início dos anos 70, fui convidado a colaborar com JK na redação e edição de suas memórias e, a partir de então, passei a exercer funções executivas no Grupo Manchete --eventualmente, publicava textos sobre amenidades, na maioria das vezes sob pseudônimo.
Em 93, com a morte de Otto Lara Resende, que fazia a coluna do Rio, fui convidado por Janio de Freitas a ocupar o lugar e o espaço da página 2 e, mais tarde, com a morte de Antônio Callado, ocupei o seu lugar na Ilustrada.
Até 2006, escrevia sete crônicas por semana, quando um problema de saúde me obrigou a reduzir a colaboração a quatro, revezando na página com Ruy Castro.
Tenho, entre outros, dois motivos para respeitar e admirar a Folha. Quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a Presidência, numa reunião com o Conselho Editorial, Octavio Frias de Oliveira, publisher do jornal, declarou que era amigo e eleitor de FHC, considerava-o o mais habilitado para governar a nação, mas esse ponto de vista pessoal não se estenderia à linha editorial do jornal, podendo cada um expressar seus pontos de vista a respeito da atuação do governante e de sua equipe.
Durante os oito anos do seu mandato, pelo menos uma ou duas vezes por semana, eu criticava FHC asperamente, chegando a publicar um livro em parceria com o colega e cartunista Angeli, intitulado "O presidente que sabia javanês". Nunca fui censurado nem advertido, apesar do meu estilo rude e, algumas vezes, exagerado.
Outro motivo: dando palestras em várias cidades brasileiras, algumas delas com um jornal local que republica minhas crônicas, sempre que alguém faz referência a um texto meu, pergunto onde o interessado leu a minha crônica. Invariavelmente, a resposta é: "Na Folha".
O detalhe mostra a penetração nacional e o grau de credibilidade de um veículo impresso que tem como divisa: "Um jornal a serviço do Brasil".


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