São Paulo, domingo, 19 de junho de 2011

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155 anos

Cidade tem apenas 3,8% de vegetação original

Segundo tese de doutorado, maior parte foi suprimida antes de 1962

Em 38 anos, com o avanço dos canaviais, Ribeirão perdeu 70% de área verde nativa, de acordo com o estudo

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO


O município de Ribeirão Preto apresenta hoje somente 3,8% de vegetação natural. A conclusão é de Olga Kotchetkoff Henriques, em sua tese de doutorado em biologia comparada entregue na USP.
A pesquisa apontou que a maior parte da vegetação natural de Ribeirão foi suprimida antes de 1962, durante o ciclo do café, e as áreas mais afetadas foram as regiões sul e oeste da cidade.
De acordo com o estudo, em 38 anos -de 1962 a 2000- houve a redução de 70,09% da vegetação natural de Ribeirão, que cedeu lugar à cana-de-açúcar. A zona leste foi a região que mais recebeu plantações de cana-de-açúcar durante o período.
Em um curto espaço de tempo, a área de cultivo da cana cresceu: em 1962, representava 10,8% em Ribeirão e, em 1984, 47,46%, segundo os dados obtidos pela pesquisadora.
Durante os 38 anos analisados, houve drástica redução da vegetação do cerrado na região leste da cidade -área onde se encontra a recarga do aquífero Guarani.
A supressão da vegetação, em toda a história de Ribeirão, é associada a ciclos econômicos: primeiro, o cultivo do café. Depois, é associada à cana-de-açúcar e à urbanização da cidade.
Já a fragmentação e o isolamento da vegetação de cerrado, de acordo com a pesquisadora, é resultante de um processo recente, de aproximadamente 40 anos.
Em sua tese, Olga diz que a devastação natural de Ribeirão é tão grande que não basta conservar áreas nas formas de reserva. É necessário, segundo ela, reflorestá-las.
"É preciso estabelecer prioridades e mecanismos que garantam, de um lado, a conservação do que ainda existe e, por outro, permitam o manejo para melhorar as condições existentes", apontou a pesquisadora no trabalho de dissertação.

ÁREAS RECUPERADAS
A pesquisa apontou ainda que, no período analisado, alguns espaços da zona rural da cidade tiveram suas áreas de vegetação florestal recuperadas de forma instantânea, de acordo com depoimento de moradores.
A recuperação foi vista em área de floresta atlântica.
Entre essas áreas, estão antigos talhões de eucaliptos abandonados e o terreiro de café, que foi transformado na mata do Museu Histórico do Café do campus da USP.
As áreas recuperadas se aproximaram dos padrões observados para o conjunto de florestas tropicais e foram constatados aumento da riqueza, diversidade de espécies tolerantes a sombra e outros pontos.
O processo de regeneração fez com que as áreas se aproximassem dos padrões observados para o conjunto de florestas tropicais.
Ainda de acordo com a pesquisadora, embora a comparação indique decréscimo da área florestal durante todo o período analisado, o reflorestamento ou o enriquecimento de áreas degradadas com espécies nativas pode contribuir para a recuperação da vegetação florestal da cidade. (GABRIELA YAMADA)


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