São Paulo, domingo, 19 de junho de 2011

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Cheia é culpa da prefeitura, diz estudo

Pesquisador aponta que primeiro grande erro foi alterar o curso de rios e córregos, deixando-os em linha reta

Alteração no curso ocorreu após a chegada da Companhia Mogiana e das cervejarias Antarctica e Paulista

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO


Obras feitas ao longo dos anos em Ribeirão Preto foram desastrosas e agravaram o problema das enchentes na cidade. Essa é a principal conclusão do projeto Entre Rios, desenvolvido pela Casa da Ciência Galileu Galilei, da Secretaria da Educação.
Segundo o biólogo e professor Marcelo Pereira, que fez uma pesquisa histórica e ambiental sobre as enchentes na cidade, o primeiro grande erro foi cometido quando o município começou a alterar o curso dos rios e córregos, então sinuosos, deixando-os em linha reta.
A alteração se deu após a instalação de três grandes empresas: as cervejarias Paulista e Antarctica e a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. "Com essa alteração, houve o aumento do fluxo e da velocidade dos rios", afirmou Pereira.
Antes, em 1897, o município aterrou as áreas de vazão no ribeirão Preto para tentar eliminar o mosquito responsável pela febre amarela.
Só anos depois, em 1903, e com um novo surto de febre amarela, a cidade descobriu que o problema estava nos criadouros que existiam nos lixos domésticos. O resultado: a área de vazão, que era verde, se transformou na praça Francisco Schmidt.
Ainda de acordo com o professor, foi na gestão de Camilo de Matos que ocorreu a primeira grande obra antienchente de Ribeirão, em 1929. Na ocasião, foram feitas novas retificações dos rios, com consequente aterramento das áreas de vazão.
Ainda na gestão de Matos houve a ocupação irregular da Vila Virgínia. "É uma área que nunca deveria ter sido ocupada e um dos piores lugares para estar quanto chove. As casas foram construídas às margens da água."
O problema é muito mais antigo do que parece: em 1900, o ribeirão Preto já estava "reto" e sem mata ciliar em seu entorno.
Segundo Pereira, as atuais obras antienchente não vão acabar com as cheias, mas diminui-las. "É um problema histórico. A própria população precisa ajudar."
(GABRIELA YAMADA)


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