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Escolas com alta abstenção estreiam no top paulistano
Colégios em que muitos faltaram à prova subiram para os 20 melhores
Estudos mostram que
quanto menos alunos
fazem o exame melhor a
nota do colégio; nove
escolas lideram ranking
RICARDO WESTIN
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
Dos colégios particulares
paulistanos mais bem colocados no último Enem, nove
são novatos no ranking dos
top 20. A maioria deles deu
um salto gigantesco entre o
Enem 2008 e o 2009.
O colégio Maria Imaculada
(zona sul) trocou o 92º lugar
pelo 7º. O Batista Brasileiro
(zona oeste), o 116º pelo 14º.
Um ponto comum foram
os poucos alunos na prova.
Estudos do Inep (instituto
de pesquisas do MEC) mostram que as escolas tendem a
ter melhor resultado quando
menos alunos seus fazem o
exame -são os menos preparados os que mais desistem.
De qualquer forma, uma
pequena mudança de posição no ranking não significa
que o ensino da escola melhorou ou piorou. Com vários
colégios com nota parecida,
um mero ponto consegue alterar bastante o ranking.
Na escola Lourenço Castanho (zona oeste), só 14% dos
alunos participaram do
Enem. Foi do 37º lugar ao 10º.
O último Enem teve a
maior abstenção da história.
Dos inscritos, 39,5% faltaram
-1,5 milhão de estudantes. O
Estado de São Paulo puxou
essa porcentagem para cima.
O motivo foi o vazamento
das questões. A prova, antes
marcada para outubro, teve
de ser adiada para dezembro.
CAUTELA
Os alunos se sentiram duplamente desestimulados.
Primeiro, universidades desistiram de aproveitar o
Enem em seus vestibulares,
como USP e Unicamp. Depois, a nova data caiu bem na
temporada de vestibulares.
"Desisti do Enem porque
eu teria vestibular uma semana antes e uma depois. Eu
iria me desgastar demais",
afirma Bruno Machado, 18.
Machado, hoje no Insper
(antigo Ibmec SP), era aluno
do colégio Batista Brasileiro.
Na escola, só 14 dos 41 estudantes prestaram o Enem.
"Antes do adiamento,
quase 100% fariam a prova",
diz Eliana Aun, do colégio
Dumont Villares (zona sul), o
13º na lista das particulares.
No final, foram 30,5%.
Mauro Aguiar, do colégio
Bandeirantes (zona sul), acusou o MEC de "irresponsabilidade". Para ele, o ranking
não reflete a realidade. A escola foi do 2º ao 4º lugar.
"A amostragem [de 2009]
não foi significativa. Alunos
excelentes não fizeram a prova porque queriam só a USP,
que não usou o Enem", diz.
Para o diretor da Lourenço
Castanho, Alexandre Abbatepaulo, o local das provas
atrapalhou. "Muitos foram
mandados para fazer prova
no meio da favela".
O Inep diz que divulgou as
notas da mesma forma que
antes, com o número de alunos matriculados na escola e
o número de quantos fizeram
o Enem. Porém, reconhece
que é preciso olhar as notas
com cautela, já que o exame
é voluntário.
Dos colégios top 20 de São
Paulo, o que teve maior participação (77% dos alunos) foi
o centro educacional Pioneiro, 10º lugar, escola da zona
sul onde a maioria dos alunos descende de japoneses.
"Orientamos para que fizessem a prova, mesmo que
só como forma de se testarem. Mas deixamos claro que
a decisão final era deles", diz
o diretor Fernando Isau.
Colaboraram FÁBIO TAKAHASHI, de São
Paulo, e ANGELA PINHO, de Brasília
39,5%
foi o índice de abstenção na
prova do Enem, o maior
índice da história
13,73%
foi o índice de presença na prova dos
alunos do colégio Lourenço Castanho
(SP), que saltou 27 posições no ranking
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