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Reivindicações passaram do ataque para a defesa
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento do desemprego, o
controle da inflação durante o
Plano Real e as mudanças que
ocorreram no mercado de trabalho enfraqueceram o movimento
sindical, reduziram o número de
greves no país e transformaram o
conteúdo das pautas de negociação durante o governo FHC.
Enquanto nos anos 80 as paralisações buscavam a ampliação
de direitos e a reposição de perdas salariais de mais de 100%,
nos anos 90, os sindicatos saíram
do ataque para a defesa. Mesmo
as greves no setor público, marcadas por períodos de longa duração e apoio maciço do funcionalismo, tiveram como objetivo a
manutenção de direitos trabalhistas e a defesa do emprego.
Levantamento do Dieese mostra que, entre 95 e 99, o número
de greves no país diminuiu 52%
-foram 1.056 contra 508. Nesse
mesmo período, a taxa média de
desemprego, por sua vez, aumentou de 4,6% para 7,6%, segundo dados da pesquisa mensal
de emprego do IBGE.
"O desemprego foi um forte
instrumento para reduzir e sufocar a ação sindical. Em 89, foram
registradas 4.000 greves, enquanto na década seguinte a média
anual foi de 500", diz Marcio
Pochmann, secretário municipal
do Trabalho de São Paulo.
As motivações dos grevistas
também mudaram. Em 95, 49%
das greves realizadas tinham como motivo principal reivindicações econômicas e 10% eram por
emprego. Mas, quatro mais tarde,
as paralisações por remuneração
caíram para 37%, enquanto as pelo emprego subiram para 28%. O
Dieese não tem, em seu banco de
dados, informações referentes ao
período de 2000 a 2002, mas informa que não houve inversão
das tendências registradas até 99.
"O baixo crescimento econômico, o processo de reestruturação
das empresas, com a introdução
de novas tecnologias, e a guerra
fiscal entre os Estados tiveram
forte impacto na questão do desemprego e, portanto, na atuação
sindical", diz Carlos Augusto
Gonçalves, coordenador do Departamento de Estudos Sócio-Econômicos da CUT.
A primeira -e decisiva- queda de braço entre o governo FHC
e o movimento sindical ocorreu
em 95, com a greve dos petroleiros. A categoria parou para reivindicar o cumprimento de acordo coletivo assinado em 94. O governo mandou o Exército ocupar
quatro refinarias da Petrobras para garantir a retomada da produção e evitar o desabastecimento.
Depois de 30 dias de paralisação, a
reivindicação dos sindicalistas
não foi atendida, e os líderes da
greve foram demitidos. A Justiça
do Trabalho julgou o movimento
abusivo e determinou multa de
R$ 37,5 milhões aos sindicatos
por descumprirem a sentença.
"O recado do governo foi claro:
Exército e multa. Desde então, governo e patrões jogam duro com
os sindicatos, e o resultado foi a
desmobilização", diz o professor
da USP Arnaldo Nogueira.
Para o Dieese, as greves e as negociações caminharam nos anos
FHC para a descentralização. "As
greves por categoria deram lugar
as por empresa. E as negociações
antes feitas por ramo deram lugar
a acordos por empresa ou setor",
diz Wilson Amorim, coordenador técnico do Dieese.
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