São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

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Federação rasga regras antes mesmo de a bola rolar

O Paulista-04 nem começou, e a entidade máxima do futebol no Estado já rasgou itens do regulamento aprovado por unanimidade pelos clubes no Conselho Técnico.
O presidente da Federação Paulista, Marco Polo Del Nero, fará vista grossa para várias das obrigações firmadas pelos clubes.
A primeira delas diz respeito à obrigatoriedade de escalar força máxima durante todo o Estadual.
É claro o artigo nono do regulamento: "As associações são obrigadas a escalar em todas as partidas os seus principais jogadores em condições de jogo, sob pena de sofrer as sanções previstas no contrato de TV".
A regra tem o óbvio interesse de evitar o que já se tornou praxe. De olho em torneios mais importantes, clubes que disputam a Copa do Brasil ou a Taça Libertadores poupam titulares no Paulista.
O São Paulo, que estreará na Libertadores no mês que vem, disse que disputará o torneio com seus principais atletas, mas não descarta poupá-los. "O Paulista para nós é tão importante como para os outros clubes, mas é inegável que, hierarquicamente, ele perdeu a importância", diz o diretor de futebol, Juvenal Juvêncio.
Na visão de Del Nero, não é bem assim. "Eu entendo o seguinte: o Corinthians tem 22 jogadores, todos com condições de jogar. Os 22 são titulares", diz o presidente da FPF, antecipando que ninguém será punido por poupar atletas.
Questionado pela Folha se não considerava o item inócuo, o dirigente concordou. "Os clubes decidiram isso, mas é o Tribunal de Justiça Desportiva quem vai resolver se for o caso. Sou um conciliador, não gosto de litígio. Todos os inscritos são titulares."
Lembrado por Jorge Abicalam Filho, diretor financeiro, que a regra foi levada a cabo na época de Eduardo José Farah, repreendeu o subordinado: "A época é outra, o momento agora é diferente".
Em relação ao artigo que obriga os clubes a liberarem as placas publicitárias de seus estádios, Del Nero foi mais incisivo, mas também abriu brecha para acordo. "Os clubes foram avisados, mas podem jogar onde quiserem se abrirem mão da cota publicitária. Tudo é negociável. Quero buscar um caminho bom para todos."
Com ou sem acordo, o Paulista corre o risco de perder seu principal palco, o Morumbi. O São Paulo, por exemplo, já avisa que não pode assumir esse compromisso com a FPF. "Já temos obrigações firmadas em relação a isso e não podemos abrir mão delas. Precisaremos verificar como ficará essa situação com o nosso departamento jurídico", afirma Juvêncio.
Já Corinthians e Palmeiras declaram ter acerto com a federação sobre a questão. "No Parque Antarctica não haverá esse problema. Justamente para não criar atrito", explica o presidente palmeirense, Mustafá Contursi.
Segundo o vice corintiano Antonio Roque Citadini, o time do Parque São Jorge mandará suas partidas no Pacaembu, estádio municipal que já deixou de receber o Paulista em razão de disputas pela publicidade estática.
Por fim, a FPF também abriu mão de proibir a diminuição do preço do ingresso, cujo preço mínimo estabelecido pelo artigo 13 do regulamento é de R$ 20.
"As promoções podem existir, desde que os clubes enviem projetos de marketing interessantes. Não podemos deixar que cobrem R$ 1 pela entrada, como já fizeram no Brasileiro", diz Del Nero.
Para além das incongruências, o regulamento mantém esquisitices típicas da gestão Farah. Prevê critérios distintos para a decisão nas três fases finais. As quartas terão só um mata-mata e, se houver igualdade, prorrogação e pênaltis.
As semifinais e as finais serão decididas em dois jogos. Em caso de empate na soma dos resultados, haverá disputa de penalidades. "Faltou uma data para ficar perfeito", justifica-se Del Nero.


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