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Federação rasga regras antes mesmo de a bola rolar
O Paulista-04 nem começou,
e a entidade máxima do
futebol no Estado já rasgou itens do regulamento aprovado por unanimidade pelos clubes
no Conselho Técnico.
O presidente da Federação Paulista, Marco Polo Del Nero, fará
vista grossa para várias das obrigações firmadas pelos clubes.
A primeira delas diz respeito à
obrigatoriedade de escalar força
máxima durante todo o Estadual.
É claro o artigo nono do regulamento: "As associações são obrigadas a escalar em todas as partidas os seus principais jogadores
em condições de jogo, sob pena
de sofrer as sanções previstas no
contrato de TV".
A regra tem o óbvio interesse de
evitar o que já se tornou praxe. De
olho em torneios mais importantes, clubes que disputam a Copa
do Brasil ou a Taça Libertadores
poupam titulares no Paulista.
O São Paulo, que estreará na Libertadores no mês que vem, disse
que disputará o torneio com seus
principais atletas, mas não descarta poupá-los. "O Paulista para
nós é tão importante como para
os outros clubes, mas é inegável
que, hierarquicamente, ele perdeu a importância", diz o diretor
de futebol, Juvenal Juvêncio.
Na visão de Del Nero, não é bem
assim. "Eu entendo o seguinte: o
Corinthians tem 22 jogadores, todos com condições de jogar. Os 22
são titulares", diz o presidente da
FPF, antecipando que ninguém
será punido por poupar atletas.
Questionado pela Folha se não
considerava o item inócuo, o dirigente concordou. "Os clubes decidiram isso, mas é o Tribunal de
Justiça Desportiva quem vai resolver se for o caso. Sou um conciliador, não gosto de litígio. Todos
os inscritos são titulares."
Lembrado por Jorge Abicalam
Filho, diretor financeiro, que a regra foi levada a cabo na época de
Eduardo José Farah, repreendeu
o subordinado: "A época é outra,
o momento agora é diferente".
Em relação ao artigo que obriga
os clubes a liberarem as placas
publicitárias de seus estádios, Del
Nero foi mais incisivo, mas também abriu brecha para acordo.
"Os clubes foram avisados, mas
podem jogar onde quiserem se
abrirem mão da cota publicitária.
Tudo é negociável. Quero buscar
um caminho bom para todos."
Com ou sem acordo, o Paulista
corre o risco de perder seu principal palco, o Morumbi. O São Paulo, por exemplo, já avisa que não
pode assumir esse compromisso
com a FPF. "Já temos obrigações
firmadas em relação a isso e não
podemos abrir mão delas. Precisaremos verificar como ficará essa situação com o nosso departamento jurídico", afirma Juvêncio.
Já Corinthians e Palmeiras declaram ter acerto com a federação
sobre a questão. "No Parque Antarctica não haverá esse problema. Justamente para não criar
atrito", explica o presidente palmeirense, Mustafá Contursi.
Segundo o vice corintiano Antonio Roque Citadini, o time do
Parque São Jorge mandará suas
partidas no Pacaembu, estádio
municipal que já deixou de receber o Paulista em razão de disputas pela publicidade estática.
Por fim, a FPF também abriu
mão de proibir a diminuição do
preço do ingresso, cujo preço mínimo estabelecido pelo artigo 13
do regulamento é de R$ 20.
"As promoções podem existir,
desde que os clubes enviem projetos de marketing interessantes.
Não podemos deixar que cobrem
R$ 1 pela entrada, como já fizeram no Brasileiro", diz Del Nero.
Para além das incongruências, o
regulamento mantém esquisitices
típicas da gestão Farah. Prevê critérios distintos para a decisão nas
três fases finais. As quartas terão
só um mata-mata e, se houver
igualdade, prorrogação e pênaltis.
As semifinais e as finais serão
decididas em dois jogos. Em caso
de empate na soma dos resultados, haverá disputa de penalidades. "Faltou uma data para ficar
perfeito", justifica-se Del Nero.
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