São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2004

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Em Recife, presidente tem dia de campanha

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A duas semanas do primeiro turno das eleições municipais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em ritmo de campanha eleitoral. Ontem, em Recife (PE), beijou pessoas, anunciou projetos, elogiou as mulheres e até assentou tijolos com um martelo, em uma casa em construção.
Com os prefeitos impedidos por lei de participar de inaugurações neste período do ano, Lula e comitiva apenas visitaram os locais onde o governo federal tem participação nas realizações.
Em vez de participar de inaugurações, o presidente preferiu fazer promessas de inaugurações futuras -anunciou que seu governo vai criar uma extensão da Universidade Federal Rural de Pernambuco, em Garanhuns, no agreste do Estado. Disse também que voltará a Recife para inaugurar casas populares.
Com essa estratégia, não houve impedimento para o prefeito de Recife e candidato à reeleição, João Paulo (PT), andar o tempo todo ao lado de Lula. Todos os movimentos dos dois foram gravados pela equipe que produz a propaganda do candidato petista na televisão.
A oposição, liderada pelo PMDB, que polariza com o PT na campanha eleitoral pela Prefeitura de Recife, não promoveu manifestações. Preferiu ignorar a visita, assim como fez o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), que nem recebeu Lula na sua chegada à cidade.
O presidente desembarcou em Recife às 11h20, de onde seguiu para Nova York cerca de três horas depois. Nesse período, cumpriu uma agenda feita sob medida para João Paulo.

Brasília Teimosa
Além de visitar as obras de ampliação e reforma do aeroporto, capitalizando para seu governo um trabalho realizado na maior parte durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula foi à comunidade de Brasília Teimosa, maior foco de tensão surgido até agora entre PMDB e PT na campanha.
Em agosto, uma ex-moradora da favela de palafitas da comunidade depôs na propaganda de TV do candidato peemedebista, Carlos Eduardo Cadoca, e criticou o prefeito por ainda não ter entregue as casas dos ex-favelados.
Três dias depois, a mesma mulher apareceu no programa do petista declarando ter sido induzida a mentir, por causa de uma promessa de ajuda para seus filhos.
Na avenida construída no lugar da favela, o presidente quebrou pela primeira vez o protocolo. Desceu do microônibus e subiu na mureta à beira-mar com candidatos aliados para fotografias e filmagens. Tudo acompanhado de longe por uma multidão estimada pelos coordenadores do evento em 15 mil pessoas. A Polícia Militar não fez avaliação.
Lula foi em seguida ao local onde estão sendo construídas as casas das famílias de Brasília Teimosa, no bairro do Cordeiro, zona oeste da capital pernambucana. No local, visitou uma sala de aula para capacitação dos moradores, que constroem as casas em regime de mutirão, e colocou um capacete de pedreiro vermelho.
Em seguida, já com um capacete branco, assentou dois tijolos colocados por duas operárias na base de uma parede.
De improviso, o presidente discursou, afirmando que tinha pouco a dizer porque não estava "inaugurando nada". Ele prometeu retornar ao local para inaugurar as casas das famílias.
Lula visitou ainda uma estação do metrô de superfície de Recife, onde abraçou e beijou pessoas antes de retornar ao aeroporto.
Anteontem, em São Paulo, o presidente já havia participado da inauguração do prolongamento de uma avenida e reforçado a campanha à reeleição da prefeita Marta Suplicy (PT).


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