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ARQUITETURA
MUDANÇA DA FUNÇÃO DE PRÉDIOS GANHA ESPAÇO
Transformação de edifícios residenciais em comerciais é algo cada vez mais frequente
ANNA CAROLINA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A maior parte dos arquitetos
ouvidos pela reportagem ficou
surpresa com a notícia de que a
sua carreira estava na lista das
mais bem remuneradas, de
acordo com a pesquisa da FGV.
Para a presidente do IAB-SP
(Instituto de Arquitetos do
Brasil), Rosana Ferrari, a boa
notícia é reflexo da distinção
cada vez mais clara entre o trabalho dos engenheiros e o dos
arquitetos. "O arquiteto tem a
obrigação de pensar em como o
homem vai se relacionar com o
espaço, e essa definição está cada vez mais clara para o mercado", diz Rosana.
A mudança do uso dos edifícios é uma das áreas que está
em alta no mercado. "Não estou falando de decoração, estou
falando de arquitetura de interiores, usando novo material,
que torna a obra mais rápida e
mais barata e transforma um
edifício residencial em um comercial, por exemplo", diz o arquiteto Nelson Dupré, 62. Ele
participou das transformações
da Sala São Paulo e da Cinemateca Brasileira, que eram, respectivamente, uma estação ferroviária e um matadouro.
Uma outra área em alta é a
construção de imóveis para as
classes populares. Hugo Louro,
27, foi parar nesse mercado a
convite de um amigo e não se
arrepende. "Enquanto houver
gente pagando aluguel, haverá
interesse por imóveis de baixo
custo", diz ele.
A presidente do IAB-SP acha
que esse campo é ainda pouco
explorado pelos arquitetos.
"Eles têm que voltar mais a sua
atenção para essa área, mas não
só construindo casinhas. Você
tem que pensar em toda a relação que essa casa vai ter com o
resto da cidade, elas têm de estar integradas", diz ela.
A arquiteta cita o programa
federal de habitação popular
Minha Casa, Minha Vida e a lei
de assistência técnica -que
obriga o poder público a oferecer orientação gratuita de arquitetos e engenheiros para famílias de baixa renda- como
dois importantes geradores de
emprego na arquitetura voltada para classes mais baixas.
Exatas ou humanas?
O curso de arquitetura é bastante voltado para toda essa necessidade de pensar, repensar e
criar. Além de matérias técnicas, como cálculo e desenho, o
curso tem disciplinas mais teóricas, como história, e outras
práticas, voltadas para o desenvolvimento de projetos.
Por isso, em algumas universidades, a arquitetura se encaixa na área de tecnológicas, como na Unicamp, e, em outras,
como na USP e no Mackenzie,
em humanas.
No Mackenzie, o desenvolvimento de projetos tem grande
importância desde o início do
curso. "A formação do aluno é
bem ampla, mas com ênfase em
projeto", diz o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Valter Caldana.
Já na USP, o aluno vai se dedicar aos projetos de edificações tanto quanto de planejamento urbano.
"Por ser uma escola pública,
estamos mais voltados para o
lado social e o uso dos espaços
públicos", diz a presidente da
comissão de graduação da
FAU-USP, Eliana Vargas.
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