São Paulo, domingo, 20 de setembro de 2009

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ARQUITETURA

MUDANÇA DA FUNÇÃO DE PRÉDIOS GANHA ESPAÇO

Transformação de edifícios residenciais em comerciais é algo cada vez mais frequente

ANNA CAROLINA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A maior parte dos arquitetos ouvidos pela reportagem ficou surpresa com a notícia de que a sua carreira estava na lista das mais bem remuneradas, de acordo com a pesquisa da FGV.
Para a presidente do IAB-SP (Instituto de Arquitetos do Brasil), Rosana Ferrari, a boa notícia é reflexo da distinção cada vez mais clara entre o trabalho dos engenheiros e o dos arquitetos. "O arquiteto tem a obrigação de pensar em como o homem vai se relacionar com o espaço, e essa definição está cada vez mais clara para o mercado", diz Rosana.
A mudança do uso dos edifícios é uma das áreas que está em alta no mercado. "Não estou falando de decoração, estou falando de arquitetura de interiores, usando novo material, que torna a obra mais rápida e mais barata e transforma um edifício residencial em um comercial, por exemplo", diz o arquiteto Nelson Dupré, 62. Ele participou das transformações da Sala São Paulo e da Cinemateca Brasileira, que eram, respectivamente, uma estação ferroviária e um matadouro.
Uma outra área em alta é a construção de imóveis para as classes populares. Hugo Louro, 27, foi parar nesse mercado a convite de um amigo e não se arrepende. "Enquanto houver gente pagando aluguel, haverá interesse por imóveis de baixo custo", diz ele.
A presidente do IAB-SP acha que esse campo é ainda pouco explorado pelos arquitetos. "Eles têm que voltar mais a sua atenção para essa área, mas não só construindo casinhas. Você tem que pensar em toda a relação que essa casa vai ter com o resto da cidade, elas têm de estar integradas", diz ela.
A arquiteta cita o programa federal de habitação popular Minha Casa, Minha Vida e a lei de assistência técnica -que obriga o poder público a oferecer orientação gratuita de arquitetos e engenheiros para famílias de baixa renda- como dois importantes geradores de emprego na arquitetura voltada para classes mais baixas.

Exatas ou humanas?
O curso de arquitetura é bastante voltado para toda essa necessidade de pensar, repensar e criar. Além de matérias técnicas, como cálculo e desenho, o curso tem disciplinas mais teóricas, como história, e outras práticas, voltadas para o desenvolvimento de projetos.
Por isso, em algumas universidades, a arquitetura se encaixa na área de tecnológicas, como na Unicamp, e, em outras, como na USP e no Mackenzie, em humanas.
No Mackenzie, o desenvolvimento de projetos tem grande importância desde o início do curso. "A formação do aluno é bem ampla, mas com ênfase em projeto", diz o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Valter Caldana.
Já na USP, o aluno vai se dedicar aos projetos de edificações tanto quanto de planejamento urbano.
"Por ser uma escola pública, estamos mais voltados para o lado social e o uso dos espaços públicos", diz a presidente da comissão de graduação da FAU-USP, Eliana Vargas.


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