São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

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Na China, onde posse não é transmitida, meio-irmão de Obama passa despercebido

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

Na China, onde nenhum sinal de obamania deu as caras, um irmão de Barack Obama conseguiu manter o anonimato. Mark Ndesandjo, 33, mora há sete anos no sul do país e é filho de Ruth, terceira esposa do pai de Obama. Nasceu no Quênia e foi criado nos EUA, onde estudou nas universidades Brown e Stanford. Usa o sobrenome do padrasto.
Ndesandjo vive em Shenzhen, a metrópole chinesa vizinha a Hong Kong que simbolizou a abertura econômica do país há 30 anos. Na China, onde a posse de Obama não foi transmitida por nenhum dos 12 canais da rede estatal CCTV, ele é um desconhecido.
Na última sexta-feira, ele tocou piano em um evento filantrópico em comemoração ao Ano Novo Chinês da Câmara Americana de Comércio em Shenzhen. Ele dá aulas de piano em um orfanato local.
Não se sabe bem sua profissão - já foi apresentado como consultor de empresas chinesas que exportam para os EUA e como consultor estratégico de marketing pela Câmara Americana. Em tempos de crise, preferiu não abrir suscetibilidades com negócios. Apesar de vegetariano, o meio-irmão de Obama também é sócio de uma rede de churrascarias na cidade, a "Cabin BBQ".
Ndesandjo tocou no evento o primeiro Noturno, de Chopin, uma canção chinesa e jazz. Vestia uma camisa de seda marrom típica chinesa, com os botões formados por nós.
Apenas em julho passado ele contou a seu sócio chinês que era irmão de Obama. Nunca deu uma entrevista sobre o tema e se negou a falar com jornalistas presentes ao evento da semana passada.
Pouco se sabe sobre a relação entre os irmãos, apesar de amigos terem confessado a jornais locais que Ndesandjo viajaria para Washington no fim de semana para ver a posse.
Em sua biografia "A origem dos meus sonhos", Obama se refere ao irmão no dia em que a família visitou o Quênia. Enquanto o hoje presidente ficou deslumbrado, o irmão mais novo disse que era "apenas mais um país africano miserável".
Questionado por Obama, ele retruca, "sim, perdi minhas raízes". Ele tem a cabeça raspada, um fino bigode e um brinco dourado na orelha esquerda. É casado com uma jovem chinesa, fala mandarim e confidenciou a amigos que acaba de terminar um livro, cujo título é "De Nairóbi a Shenzhen".


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