São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

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Preguiça de fazer sexo ou sinal de libertação?

23% estavam havia 8 meses sem sexo, no momento da pesquisa

DA REPORTAGEM LOCAL

Oito meses sem transar é muito? De janeiro ao início de setembro de 2009, 23% das pessoas consultadas pela pesquisa não haviam tido relações sexuais. A maior parte está na faixa de 35 a 60 anos.
"O número não me espanta. Ao contrário, acredito que, na vida real, possa ser maior", diz o psicanalista Contardo Calligaris. Ele também não estranha que 23% dos "sem-transa" sejam casados.
"Podemos morar com um parceiro ou parceira charmosíssimos, ficar nos acalentando, dormir juntinhos... mas transa é algo que precisa ser cultivado. E cultivar o desejo de transar é cultivar fantasias. Quem tem certa preguiça para isso acaba transando menos."
Contardo chama a atenção para outro aspecto: "Como terapeuta, posso testemunhar que há uma dificuldade de achar alguém interessante, não necessariamente para casar e ter filhos, mas só para transar".
Para Maria Rita Kehl, o número também não provoca estranheza. Ela imagina que a situação atual possa ser um avanço em relação ao passado. "Talvez, há 50 anos, muito mais gente se conformasse com a ideia de que a relação sexual acaba na separação, na viuvez ou no amadurecimento", diz.
A psicanalista levanta a hipótese de que o dado possa ser também um sinal de libertação da "obrigação de fazer sexo", algo que teria se tornado muito presente no mundo pós-1968. "A obrigação pode gerar um efeito contrário, a pessoa dizer: chega, quero ficar sem, não sou obrigado", diz. (MAG)


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