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Preguiça de fazer sexo ou sinal de libertação?
23% estavam havia 8 meses sem sexo, no momento da pesquisa
DA REPORTAGEM LOCAL
Oito meses sem transar é
muito? De janeiro ao início de
setembro de 2009, 23% das
pessoas consultadas pela pesquisa não haviam tido relações
sexuais. A maior parte está na
faixa de 35 a 60 anos.
"O número não me espanta.
Ao contrário, acredito que, na
vida real, possa ser maior", diz o
psicanalista Contardo Calligaris. Ele também não estranha
que 23% dos "sem-transa" sejam casados.
"Podemos morar com um
parceiro ou parceira charmosíssimos, ficar nos acalentando,
dormir juntinhos... mas transa
é algo que precisa ser cultivado.
E cultivar o desejo de transar é
cultivar fantasias. Quem tem
certa preguiça para isso acaba
transando menos."
Contardo chama a atenção
para outro aspecto: "Como terapeuta, posso testemunhar
que há uma dificuldade de
achar alguém interessante, não
necessariamente para casar e
ter filhos, mas só para transar".
Para Maria Rita Kehl, o número também não provoca estranheza. Ela imagina que a situação atual possa ser um
avanço em relação ao passado.
"Talvez, há 50 anos, muito mais
gente se conformasse com a
ideia de que a relação sexual
acaba na separação, na viuvez
ou no amadurecimento", diz.
A psicanalista levanta a hipótese de que o dado possa ser
também um sinal de libertação
da "obrigação de fazer sexo", algo que teria se tornado muito
presente no mundo pós-1968.
"A obrigação pode gerar um
efeito contrário, a pessoa dizer:
chega, quero ficar sem, não sou
obrigado", diz.
(MAG)
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