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tensão visual
Obras de Nan Goldin, Steve McQueen e Harun Farocki exploram suas lembranças pessoais e coletivas em
reflexões sobre o papel da imagem
DE SÃO PAULO
Tanto a memória pessoal,
das festas a mil por hora, orgasmos e rompantes lascivos, quanto a herança coletiva de anos de opressão, guerras e a sombra do terrorismo
parecem estar diante das lentes dos artistas desta Bienal.
Nan Goldin retrata o submundo de prostitutas e drogados em Nova York e Berlim
nos anos 70 e 80. São fotografias projetadas em sequência, como uma espécie de cinema no ritmo da memória.
Também em Nova York,
Steve McQueen disseca o
maior símbolo da América.
Dá voltas em torno da estátua
da Liberdade. Imóvel, ela desafia o movimento do filme,
que funde dois tempos, o vazio atual e o cartão de visitas
aos imigrantes do passado.
É a mesma desaceleração
anônima proposta por Chantal Akerman. Filha de judeus
sobreviventes do Holocausto, ela volta ao Leste Europeu
num "road movie" escandido, de longos planos em que
retrata desconhecidos como
se fossem parentes, tentativa
de apreender o passado.
Apichatpong Weerasethakul, tailandês vencedor da
Palma de Ouro, faz um percurso semelhante ao nordeste de seu país, terra arrasada
pelo terrorismo em que jovens fazem tudo para esquecer as marcas da violência.
Na obra de Harun Farocki,
fica a tensão entre lembrar e
esquecer. Usando simulações preparadas pelo Exército, ele mostra um videogame
da guerra no Iraque que serve tanto para treinar soldados antes do combate quanto
como dado visual em sessões
de terapia na volta para casa.
Jean-Luc Godard lembra
outras guerras num vídeo
curtíssimo. Espécie de poema visual, "Je Vous Salue Sarajevo" é declamado como
manifesto pelo cineasta.
"Cultura é a regra, arte é a
exceção", diz o texto. "Todos
falam a regra, ninguém fala a
exceção, ou ela é vivida, é arte de viver: Srebrenica, Mostar, Sarajevo."
(SILAS MARTÍ)
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