São Paulo, sexta-feira, 21 de dezembro de 2001

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Saqueadores atacam comércio, casas e carros

DIEGO VIANA
DA REDAÇÃO

A crise que começou anteontem com saques a supermercados cresceu ontem até se tornar uma situação de violência generalizada em várias regiões, com saques a todo o comércio, destruição de automóveis, bloqueios de estradas e até invasão de residências.
Na Província de Corrientes, no norte do país, desempregados ocuparam a capital, de mesmo nome, para buscar comida. Após saques a supermercados, quando morreu um rapaz de 22 anos, os revoltosos atacaram todo o comércio e ocuparam uma importante avenida da cidade, apedrejando e saqueando carros.
Em seguida, grupos começaram a invadir residências e entraram em confronto com proprietários.

Bloqueios
Na Grande Buenos Aires, manifestantes bloquearam a estrada Rota 9, na cidade de Campana. Os veículos que ficaram presos na estada foram assaltados.
Manifestantes da Corriente Clasista Combativa (Corrente Classista Combativa, CCC) interrompeu o trânsito de um dos mais importantes acessos a Buenos Aires, a ponte La Noria. Eles protestaram contra o estado de sítio e a política econômica do governo.
Na Província de Jujuy, no norte do país, a estrada Rota 34 também foi bloqueada. Houve protestos por distribuição de comida, mas os veículos não foram abordados.
Manifestantes cercaram condomínios "country", muito luxuosos, onde moram os mais ricos argentinos. Os manifestantes cercaram muitos e ameaçaram invadi-los se não recebessem comida. Um caso aconteceu em Córdoba, Província que, no final do dia, pediu ajuda da Guarda Nacional para controlar os saques.

Distribuição
Em Santa Fé, um grupo organizado, que não participou dos saques, ocupou a praça principal da cidade de Santa Fé. O porta-voz do grupo, Rubén Sala, informou que o grupo aguardaria a distribuição de comida.
Segundo ele, o grupo não queria roubar ou promover a violência, mas avisou que se não lhes entregassem comida nas próximas horas, "não se sabe o que poderia acontecer".
Em Mar del Plata, na Província de Buenos Aires, um líder sindical ficou ferido e outros dois foram detidos pela polícia. Nessa Província houve choques diante do banco Província, com uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

20 mil pessoas
A polícia deteve mais de 2.000 pessoas, entre elas pelo menos 30 menores de idade. Mais de 200 pessoas ficaram feridas, segundo cifras oficiais. A polícia estimou em 20 mil o número de participantes dos saques.
Em várias Províncias o comércio sequer abriu. As redes francesas de supermercados Carrefour e Casino, que juntas têm mais de 400 lojas no país, decidiram mantê-las fechadas o dia todo nas regiões em que havia saques.


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