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GOTA D'ÁGUA
Cavallo cai, mas é proibido de sair do país
Ministro da Economia apresentou pedido de demissão de madrugada, aceito pelo presidente; Justiça impede que ele saia do país, como era sua intenção
DA REDAÇÃO
O ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, pediu
demissão na madrugada de ontem, que foi aceita pelo presidente
Fernando de la Rúa. Uma determinação da Justiça impediu o ex-ministro de deixar o país.
Cavallo, temendo por sua segurança, queria deixar a Argentina
logo após ter pedido demissão. O
ex-ministro não pode sair do país
sem autorização judicial, segundo
determinações de três juizes.
Impedido de sair do país, o ex-ministro pediu a De la Rúa proteção para si e para sua família, temendo ser alvo de protestos.
Cavallo é o terceiro ministro da
Economia argentino a se demitir
no último ano. Todo o gabinete
também colocou seus cargos à
disposição. De la Rúa inicialmente aceitou a demissão de todos,
mas depois voltou atrás, mantendo apenas a vaga de Cavallo.
O pedido de Cavallo ocorreu
após um dia tumultuado, em que
ao menos cinco pessoas morreram e centenas foram presas durante violentas manifestações de
rua e saques. No começo da noite
de quarta, o governo decretou estado de sítio por 30 dias.
Na manhã de ontem, o juiz penal econômico Julio Speroni determinou a primeira proibição.
Ele é responsável por investigações sobre a suspeita de contrabando cometido durante operação de venda ilegal de armas para
Croácia e Equador. O incidente
teria ocorrido no mandato anterior de Cavallo como ministro da
Economia, entre 1991 e 96, no governo de Carlos Menem.
Horas mais tarde, os juízes federais Jorge Luis Ballestero e Rodolfo Canicoba Corral emitiram a
mesma decisão. O primeiro investiga a operação de megatroca
da dívida que Cavallo efetuou em
meados deste ano, e o outro, o direcionamento de verbas para a luta contra o narcotráfico.
O ex-ministro passou relativamente incólume de suspeitas no
já longo caso das armas, que chegou a colocar Menem e alguns integrantes de seu governo (1989-1999) na prisão.
A investigação averigua um carregamento de canhões, rifles, munição e pólvora que tinha como
destinatários Panamá e Venezuela. Mas os armamentos acabaram
chegando à Croácia, apesar do
embargo de armas da ONU ao
país, e ao Equador, na época em
uma guerra em que a Argentina
era mediadora.
A Polícia Federal mantinha ontem um forte dispositivo de segurança ao redor do apartamento de
Cavallo, em um luxuoso prédio
na região de Palermo, na capital.
Na noite de quarta, milhares de
pessoas se concentraram diante
do edifício, exigindo a renúncia
do ministro. Cavallo conseguiu
evitar o cerco de jornalistas e deixou sua casa na manhã de ontem,
com destino desconhecido.
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