São Paulo, sexta-feira, 21 de dezembro de 2001

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GOTA D'ÁGUA

Cavallo cai, mas é proibido de sair do país

Ministro da Economia apresentou pedido de demissão de madrugada, aceito pelo presidente; Justiça impede que ele saia do país, como era sua intenção

DA REDAÇÃO

O ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, pediu demissão na madrugada de ontem, que foi aceita pelo presidente Fernando de la Rúa. Uma determinação da Justiça impediu o ex-ministro de deixar o país.
Cavallo, temendo por sua segurança, queria deixar a Argentina logo após ter pedido demissão. O ex-ministro não pode sair do país sem autorização judicial, segundo determinações de três juizes.
Impedido de sair do país, o ex-ministro pediu a De la Rúa proteção para si e para sua família, temendo ser alvo de protestos.
Cavallo é o terceiro ministro da Economia argentino a se demitir no último ano. Todo o gabinete também colocou seus cargos à disposição. De la Rúa inicialmente aceitou a demissão de todos, mas depois voltou atrás, mantendo apenas a vaga de Cavallo.
O pedido de Cavallo ocorreu após um dia tumultuado, em que ao menos cinco pessoas morreram e centenas foram presas durante violentas manifestações de rua e saques. No começo da noite de quarta, o governo decretou estado de sítio por 30 dias.
Na manhã de ontem, o juiz penal econômico Julio Speroni determinou a primeira proibição. Ele é responsável por investigações sobre a suspeita de contrabando cometido durante operação de venda ilegal de armas para Croácia e Equador. O incidente teria ocorrido no mandato anterior de Cavallo como ministro da Economia, entre 1991 e 96, no governo de Carlos Menem.
Horas mais tarde, os juízes federais Jorge Luis Ballestero e Rodolfo Canicoba Corral emitiram a mesma decisão. O primeiro investiga a operação de megatroca da dívida que Cavallo efetuou em meados deste ano, e o outro, o direcionamento de verbas para a luta contra o narcotráfico.
O ex-ministro passou relativamente incólume de suspeitas no já longo caso das armas, que chegou a colocar Menem e alguns integrantes de seu governo (1989-1999) na prisão.
A investigação averigua um carregamento de canhões, rifles, munição e pólvora que tinha como destinatários Panamá e Venezuela. Mas os armamentos acabaram chegando à Croácia, apesar do embargo de armas da ONU ao país, e ao Equador, na época em uma guerra em que a Argentina era mediadora.
A Polícia Federal mantinha ontem um forte dispositivo de segurança ao redor do apartamento de Cavallo, em um luxuoso prédio na região de Palermo, na capital.
Na noite de quarta, milhares de pessoas se concentraram diante do edifício, exigindo a renúncia do ministro. Cavallo conseguiu evitar o cerco de jornalistas e deixou sua casa na manhã de ontem, com destino desconhecido.


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