São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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MEDICINA

Robôs são parceiros do médico na sala de cirurgia

Máquina faz intervenções mais precisas; 1º curso do país para quem quer se especializar está previsto para este mês

RENATA DE GASPARI VALDEJÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A tecnologia não substitui o médico, mas provoca reviravoltas em sua carreira. Robôs já auxiliam em cirurgias, que também podem ser monitoradas a distância com a ajuda da telemedicina -união de recursos tecnológicos de ponta com a telecomunicação.
A cirurgia robótica é um avanço da intervenção minimamente invasiva, a laparoscopia, e hoje é usada principalmente em urologia (câncer de próstata), em ginecologia (endometriose) e na cirurgia bariátrica (para a obesidade).
A técnica permite cortes menores e movimentos mais precisos do cirurgião, tornando a recuperação do paciente menos dolorosa e mais rápida.
"Para alguns especialistas, não estudar robótica vai significar não fazer cirurgia", afirma Paulo Chapchap, superintendente de desenvolvimento do hospital Sírio-Libanês, que fez neste ano a primeira cirurgia usando um robô no Brasil.
Trata-se do Da Vinci, equipamento com quatro "braços" que carregam uma câmera e vários instrumentos cirúrgicos. O cirurgião comanda os "braços" a partir de um console e visualiza o local da operação numa tela de vídeo com imagens aumentadas e em 3D.
No futuro, Chapchap crê que o Da Vinci também será usado em maior escala na retirada de tumores e na cardiologia.
Como a robótica médica é recente no Brasil, os profissionais costumam buscar especialização no exterior, principalmente nos Estados Unidos.
Por aqui, o Sírio-Libanês pretende inaugurar em breve o seu Centro de Desenvolvimento e Treinamento em Cirurgia Robótica, o primeiro da América Latina, e treinar 450 médicos até o fim deste ano.
Para dar início às aulas, o hospital espera a chegada de um segundo robô -a idéia é que, no futuro, a robótica seja incluída nas residências.
"[O Da Vinci] não vai substituir toda a cirurgia, mas, sem dúvida, será um grande avanço para alguns pacientes", afirma Chapchap. "Já é a melhor técnica para o tratamento de câncer de próstata", diz ele.

A distância
Já no caso da telemedicina, avanços como os da televisão a cabo e digital e a banda larga estão se mostrando cruciais.
"A tecnologia está provocando a reengenharia da saúde", diz Chao Lung Wen, coordenador do Núcleo de Telemedicina e Telessaúde da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e membro do Comitê Executivo de Telemedicina e Telessaúde do Ministério da Saúde.
Wen acredita no crescimento do "telehomecare" (monitoramento remoto de pacientes). "Tornou-se possível interagir com os serviços de saúde", conta. Sua visão do futuro inclui "teleambulatórios" de várias especialidades.


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