São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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Salvador e Vitória trocam estações

Roteiro entre Bahia e Espírito Santo dá aula de história, geografia, literatura e meteorologia

LUÍS PEREZ
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Quem odeia agitos típicos de Carnaval e Réveillon encontra no trajeto entre Salvador (BA) e Vitória (ES) um ecletismo de cenários sem precedentes. Vivem-se as quatro estações, é possível receber lições de história, da cultura popular e pagar pouco nesta época.
A viagem da reportagem da Folha começou em Salvador. Para quem não conhece a capital baiana, é fácil: basta seguir as placas para a BR-324, da qual se deve desviar para a BR-101, a "espinha dorsal" do roteiro.
A primeira parada foi em Feira de Santana (150 km de Salvador) que preserva, como nos séculos 18 e 19, a fama de "lugar de descanso para viajantes". Assim se referiu a ela o recepcionista da pousada Vila Parreiras, simples, mas com TV, ar-condicionado, telefone, frigobar e estacionamento.
Baterias recarregadas, é hora de seguir rumo a Ilhéus. Elevada à condição de cidade em 1881, com o nome de São Jorge dos Ilhéus, hoje reverencia outro Jorge: o Amado. Por lá pode-se visitar a Casa de Cultura Jorge Amado.
Passear pelas ruas da cidade é mergulhar na ficção do escritor. Ladeados, dois exemplos: a catedral de São Sebastião, citada em "Gabriela, Cravo e Canela", e o bar Vesuvio, reduto de Nacib e Gabriela, renovado, apesar de a inauguração ter sido em 1919.

Viagra
Impossível deixar Ilhéus sem parar cerca de 30 quilômetros depois, no arraial de Olivença (agora na rodovia BA-001), onde o forte é o forró do sábado à noite. Aliás, fortes mesmo são as bebidas do Bharmácia Homeotípica, "poções" preparadas por Mirandir dos Santos, 54, o Miranda.
O slogan do "bhar" é "a cura pelo prazer". Um desses afrodisíacos se chama Viagra. "É à base de catuaba, pau-de-resposta, guaraná e Mate Leão", entrega Santos.
Entre Ilhéus e Olivença, é possível se hospedar em pousadas de R$ 10 ou em hotéis de R$ 70, preço atual do quatro-estrelas Opaba, ao lado do aeroporto de Ilhéus.
Quinze quilômetros antes de Canavieiras, deve-se pegar um novo desvio, de volta à BR-101, onde se quebra à esquerda até Eunápolis. Virando novamente à esquerda, chega-se a Porto Seguro.
Há muitas pousadas na cidade. Do Hotel Navegantes (a atmosfera é de pousada), que sai por R$ 20, ao hotel Shalimar (R$ 60).
Quem gosta de história se delicia no museu do Descobrimento. Os amantes da vida noturna devem curtir o Luaus e shows de axé à beira-mar (no Tôa Tôa) ou no centro (a boate Bombordo).
A estrada até Porto Seguro está um tapete, mas há inesperados buracos. Providencialmente, os mais traiçoeiros ficam ao lado de placas que indicam borracharias.

Chocólatra
Antes ou depois do destino final, a capital Vitória (ES), há programas turísticos dos mais variados tipos: ambiental (a desova de tartarugas, em Linhares), religioso (a igreja dos Reis Magos, de Serra), esportivo (o parque aquático Acquamania, de Guarapari).
Para os chocólatras, há a indústria Garoto, que abre suas portas em Vila Velha (12 km de Vitória).
Falando em história, a viagem termina com um exemplo da colonização alemã, em Domingos Martins (a 42 km de Vitória), espécie de Monte Verde do Estado.


Luís Perez, editor-assistente de Veículos e Construção, viajou com um carro cedido pela Fiat



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