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Dois pontos de vista
Presidente da Odepa diz que Pan pode
ser trunfo de Rio-16, mas especialista alerta
sobre a falta de plano para arenas
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para Mario Vázquez
Raña, presidente da
Organização Desportiva Pan-Americana,
toda cidade que promoveu um Pan conquistou um
legado importante em infra-estrutura e praças esportivas.
Raña diz que, caso seja bem-sucedido, o evento no Rio pode
alavancar a candidatura à
Olimpíada de 2016. Porém reconhece que dificilmente uma
cidade sul-americana conseguirá vencer a disputa no COI.
FOLHA - O que o sr. espera do Pan
do Rio de Janeiro?
MARIO VÁZQUEZ RAÑA - Esperamos que seja o melhor Pan-Americano já realizado e que
seja um parâmetro para a futura organização do evento. A
Odepa acredita no êxito na organização dos Jogos e dá todo
respaldo a ele. O apoio dos governos federal, estadual e municipal, a eficiência do comitê
organizador, a unidade de todos os setores implicados, a ótima infra-estrutura criada, são
aspectos destacados da organização do Pan. Os aspectos negativos poderão ser analisados
após a conclusão dos Jogos.
FOLHA - A segurança é um problema que preocupa no Rio?
VÁZQUEZ RAÑA - A segurança é
prioridade em um evento que
atrai milhares de pessoas. As
autoridades do Brasil previram
as medidas necessárias para garantir a segurança. A população
do Rio já mostrou seu compromisso com os Jogos, e estou
certo de que fará de tudo para
que o Pan seja tranqüilo e que
reine a amizade e a solidariedade entre os participantes.
FOLHA - Qual é a importância para
uma cidade organizar o Pan?
VÁZQUEZ RAÑA - Assumir um
evento dessa envergadura implica grande esforço financeiro
e de organização que, em geral,
se vê recompensado com uma
nova imagem projetada. Os Jogos também estimulam o turismo. Além disso, é preciso acrescentar o impulso ao desenvolvimento de planos sociais de
moradia, a melhora das vias de
transporte e a modernização
dos sistemas de comunicação.
FOLHA - Que avaliação o sr. faz do
último Pan, em Santo Domingo, que
apresentou várias falhas?
VÁZQUEZ RAÑA - Uma análise
realista mostra que, acima dos
problemas, os Jogos ocorreram, nossos atletas realizaram
seus sonhos esportivos, e o
evento deixou importante legado para a cidade. Resumi a avaliação dos Jogos na festa de encerramento com a frase: "Estes
Jogos nos ensinaram o que se
pode fazer e o que não se pode
fazer na organização do Pan".
FOLHA - Qual foi o Pan mais bem
organizado no período em que o sr.
preside a Odepa (1975 até hoje)?
VÁZQUEZ RAÑA - Em geral, o Pan
é bem organizado. Cada um teve sua característica, mas todos
cumpriram os regulamentos da
Odepa. Em 56 anos, nenhum
Pan foi cancelado ou adiado.
FOLHA - Qual é o legado para as cidades que abrigaram esses Pans?
VÁZQUEZ RAÑA - As cidades que
foram sede podem exibir hoje
as memórias físicas que deixaram os Jogos Pan-Americanos.
Cidade do México, San Juan,
Caracas, Indianápolis, Havana,
Winnipeg, Santo Domingo e
agora o Rio de Janeiro terão
sempre a honra de haver sido
sede de uma edição do Pan.
FOLHA - Até que ponto o sucesso
do Pan pode ajudar a candidatura
brasileira à Olimpíada de 2016?
VÁZQUEZ RAÑA - O êxito do Pan
constitui forte trunfo às aspirações do Rio. A primeira coisa
que a cidade deve conseguir é
que o Pan tenha nível olímpico.
FOLHA - O sr. crê que países de regiões periféricas, como a América do
Sul, ainda serão sede da Olimpíada?
VÁZQUEZ RAÑA - Mais do que regiões periféricas, diria países
com menor desenvolvimento e
com limitados recursos econômicos. Pelo nível alcançado, a
Olimpíada mobiliza milhões de
pessoas em sua organização e é
vista por bilhões de espectadores pela televisão. Por isso, são
exigidas condições mínimas.
Por sorte, cresce o número de
países que se interessam organizá-la. Essas são as regras vigentes. Talvez, quando elas
mudarem, possa ampliar-se o
número de países com possibilidades de sediar a Olimpíada.
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