São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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Dois pontos de vista

Presidente da Odepa diz que Pan pode ser trunfo de Rio-16, mas especialista alerta sobre a falta de plano para arenas

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para Mario Vázquez Raña, presidente da Organização Desportiva Pan-Americana, toda cidade que promoveu um Pan conquistou um legado importante em infra-estrutura e praças esportivas. Raña diz que, caso seja bem-sucedido, o evento no Rio pode alavancar a candidatura à Olimpíada de 2016. Porém reconhece que dificilmente uma cidade sul-americana conseguirá vencer a disputa no COI.

 

FOLHA - O que o sr. espera do Pan do Rio de Janeiro?
MARIO VÁZQUEZ RAÑA -
Esperamos que seja o melhor Pan-Americano já realizado e que seja um parâmetro para a futura organização do evento. A Odepa acredita no êxito na organização dos Jogos e dá todo respaldo a ele. O apoio dos governos federal, estadual e municipal, a eficiência do comitê organizador, a unidade de todos os setores implicados, a ótima infra-estrutura criada, são aspectos destacados da organização do Pan. Os aspectos negativos poderão ser analisados após a conclusão dos Jogos.

FOLHA - A segurança é um problema que preocupa no Rio?
VÁZQUEZ RAÑA -
A segurança é prioridade em um evento que atrai milhares de pessoas. As autoridades do Brasil previram as medidas necessárias para garantir a segurança. A população do Rio já mostrou seu compromisso com os Jogos, e estou certo de que fará de tudo para que o Pan seja tranqüilo e que reine a amizade e a solidariedade entre os participantes.

FOLHA - Qual é a importância para uma cidade organizar o Pan?
VÁZQUEZ RAÑA -
Assumir um evento dessa envergadura implica grande esforço financeiro e de organização que, em geral, se vê recompensado com uma nova imagem projetada. Os Jogos também estimulam o turismo. Além disso, é preciso acrescentar o impulso ao desenvolvimento de planos sociais de moradia, a melhora das vias de transporte e a modernização dos sistemas de comunicação.

FOLHA - Que avaliação o sr. faz do último Pan, em Santo Domingo, que apresentou várias falhas?
VÁZQUEZ RAÑA -
Uma análise realista mostra que, acima dos problemas, os Jogos ocorreram, nossos atletas realizaram seus sonhos esportivos, e o evento deixou importante legado para a cidade. Resumi a avaliação dos Jogos na festa de encerramento com a frase: "Estes Jogos nos ensinaram o que se pode fazer e o que não se pode fazer na organização do Pan".

FOLHA - Qual foi o Pan mais bem organizado no período em que o sr. preside a Odepa (1975 até hoje)?
VÁZQUEZ RAÑA -
Em geral, o Pan é bem organizado. Cada um teve sua característica, mas todos cumpriram os regulamentos da Odepa. Em 56 anos, nenhum Pan foi cancelado ou adiado.

FOLHA - Qual é o legado para as cidades que abrigaram esses Pans?
VÁZQUEZ RAÑA -
As cidades que foram sede podem exibir hoje as memórias físicas que deixaram os Jogos Pan-Americanos. Cidade do México, San Juan, Caracas, Indianápolis, Havana, Winnipeg, Santo Domingo e agora o Rio de Janeiro terão sempre a honra de haver sido sede de uma edição do Pan.

FOLHA - Até que ponto o sucesso do Pan pode ajudar a candidatura brasileira à Olimpíada de 2016?
VÁZQUEZ RAÑA -
O êxito do Pan constitui forte trunfo às aspirações do Rio. A primeira coisa que a cidade deve conseguir é que o Pan tenha nível olímpico.

FOLHA - O sr. crê que países de regiões periféricas, como a América do Sul, ainda serão sede da Olimpíada?
VÁZQUEZ RAÑA -
Mais do que regiões periféricas, diria países com menor desenvolvimento e com limitados recursos econômicos. Pelo nível alcançado, a Olimpíada mobiliza milhões de pessoas em sua organização e é vista por bilhões de espectadores pela televisão. Por isso, são exigidas condições mínimas. Por sorte, cresce o número de países que se interessam organizá-la. Essas são as regras vigentes. Talvez, quando elas mudarem, possa ampliar-se o número de países com possibilidades de sediar a Olimpíada.


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