RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governista PPS e o oposicionista PDT divulgaram ontem nota conjunta em que acusam o Planalto de usar a "força do poder e do dinheiro" para fragilizar a autonomia dos partidos e obter apoio político por meio de rachas nas legendas, do corrompimento de princípios e do fisiologismo.
"Avaliou-se [...] a gravidade de iniciativas irradiadas a partir do núcleo do poder com o claro interesse de intervir na rotina e na vida dos partidos, conspurcando princípios, gerando divisões artificiais, incentivando o fisiologismo e [...] confrontando a democracia e o ideal republicano", diz.
O objetivo do texto é criticar as articulações de bastidores que o governo faz para esvaziar a oposição e engordar aliados como o PTB e o PL. Além disso, critica-se o suposto acordo entre PT e PTB para estas eleições, que incluiria o pagamento de R$ 10 milhões do primeiro ao segundo. "A força do poder e do dinheiro não pode tomar o lugar do convencimento e da lealdade", acrescenta a nota.
O PDT iniciou 2003 governista, mas virou oposição. O PPS está rachado. Uma ala, comandada pelo presidente da legenda, deputado Roberto Freire (PE), é crítico ao governo, e outra, liderada pelo ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), defende a gestão Lula.
A nota surgiu após encontro anteontem entre Freire e o presidente do PDT, Carlos Lupi. Eles ainda almoçaram ontem. Além das críticas ao governo, os dirigentes decidiram priorizar a união da ação das duas legendas, o que pode resultar, vencidos debates políticos, em uma fusão.
PDT e PPS preparam para depois das eleições o seminário "Sob a Égide de Darcy Ribeiro [1922-1997]", em referência ao antropólogo que militou no antigo PCB, partido de origem do PPS, e foi um dos fundadores do PDT.


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