Conflitos da sociedade devem ser levados para discussão em classe

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um dos papéis da escola é ajudar no desenvolvimento de valores que permaneçam com a criança na vida adulta -sejam eles em relação a si mesma ou ao outro.
A transmissão de valores tem início já no ensino infantil. "Promover a compreensão e a amizade, valorizar as diferentes formas de expressão artística e de comunicação é o que a escola deve fazer desde o princípio", diz a professora de pedagogia da PUC-SP Neide Noffs.
Para especialistas, os valores são avaliados a partir de conflitos que acontecem na sociedade e que são levados para serem discutidos na escola. "O objetivo é incentivar o espírito crítico dos alunos. Mas não a crítica que se dirige a tirar vantagem sobre o outro", diz a professora da Faculdade de Educação da USP Silvia Colello.
A melhor maneira de promover o debate de valores entre os alunos, e evitar a indisciplina, é incentivar a convivência e o respeito às diferenças. "As crianças às vezes cometem crueldades porque ainda não sabem distinguir os sentimentos. É a escola quem deve estimular a sensibilidade para entender a opressão, a diferença", diz Guiomar Namo de Melo, diretora da Ebrap (Escola Brasileira de Professores).
Para a professora Rosane Michelli de Castro, do Departamento de Didática da Unesp, a escola deve promover a cooperatividade, a solidariedade, a tolerância e a generosidade. "A proposta de "participar e deixar participar" deve ser incentivada para transformar o conhecimento dado em valores."
Entre os alunos pré-adolescentes, de 11 a 14 anos, a escola deve construir pessoas autônomas, que tomem decisões, que tenham responsabilidade sobre seu corpo, seu dinheiro e sua vida. A escola deve contribuir para essa autonomia.
Para Bernardete Gatti, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, a escola deve estimular o respeito e o diálogo entre os adolescentes. "É uma fase ambígua, individualista. Há muita rejeição e agressão entre os alunos. É preciso desenvolver valores como a colaboração e o senso de compromisso. Ensinar a ajudar mas também ensinar a ser ajudado."
Para Yves de la Taille, professor do Instituto de Psicologia da USP, "deve-se explicitar os valores na sala de aula, com debates, e o próprio convívio deve ser inspirado por eles. A escola deve pregar a boa convivência entre diretoria, alunos e funcionários." (VA)


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