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PAULISTANOS
Brasilândia/Freguesia do Ó
Local é tido como feio por paulistanos
DA REPORTAGEM LOCAL
Um lugar tido como tão feio,
mas tão feio, que é feio até no nome. Essa é a opinião que os moradores de São Paulo e da própria
região têm da área da Vila Brasilândia/Freguesia do Ó, na zona
norte da cidade.
Uma das áreas mais pobres da
capital paulista, essa região foi citada pelos paulistanos ouvidos
pelo Datafolha entre as três mais
feias, mais pobres, mais violentas
e de nome mais feio. Nessa última
"categoria", é a campeã, à frente
do Capão Redondo/Jardim Ângela (zona sul), seu principal "concorrente" nesse ranking às avessas de pior lugar da cidade.
Esses dados não necessariamente refletem o que a população
vê da região como um todo. Como as respostas sobre as características dos bairros da cidade foram muito fragmentadas, o Datafolha as agrupou entre as 19 áreas
em que a pesquisa foi dividida.
Isso pode explicar por que alguns pontos aprazíveis da Freguesia, como o largo da Matriz de
Nossa Senhora do Ó, acabam incluídos nesse balaio de feiúra. O
Datafolha agrupou nessa região
os distritos da Brasilândia, da Cachoeirinha e da Freguesia do Ó.
"É horrível"
Moradora de uma rua sem asfalto ao lado de um córrego de esgoto, a professora estadual Edijane Maria Neves da Mata, 18, conta
um pouco o sentimento de viver
nesse lugar. "Não dá nem para
trazer o namorado. E o cheiro do
rio? É horrível", afirma.
Em uma roda com outras três
amigas, Edijane conversava na
porta de sua casa há cerca de dez
dias, na Vila Brasilândia. Suas
amigas, Erica Maria Neves da Mata, 15, Liliane Siqueira de Faria, 18,
e Valeska Siqueira, 15, também
não souberam dizer o que viam
de bom no bairro em que moram.
Nessa região, a média dos que
sentem mais vergonha que orgulho da área em que vivem também fica acima do percentual da
cidade (é a terceira maior, 23%,
contra 17% no geral dos bairros).
Quando se fala da cidade como
um todo, apenas 12% dos paulistanos sentem mais vergonha que
orgulho, segundo o Datafolha.
A vergonha se estende também
às residências -13% consideram
que vivem em local um pouco
pior que a maioria das moradias.
Dona de um bar, Aliete Maria
de Jesus, 56, coloca em sua perna a
mais nova de seus 34 netos, Kauane, de um ano e dois meses. Sentada na rua, ela conta que a violência não é um problema no seu
bairro, o Jardim Guarani, no distrito da Brasilândia.
"Sossegado"
"Aqui a gente pode ficar aberto
até nove, dez horas da noite. É
sossegado. Acho que é o lugar
mais sossegado de São Paulo",
diz. Com Aliete moram uma filha
e três netos, e ela não se lembra de
ameaça ou violência recente.
Sentado ali perto, o ajudante
Elásio Alves da Silva, 53, concorda
com Aliete. "Violência tem em tudo quanto é lugar, é comum. O
que acaba com esse mundo é a
droga", avalia.
Mas o diagnóstico dos dois não
bate com a opinião dos paulistanos e do restante dos moradores
da própria região sobre isso. A
área da Brasilândia/Freguesia do
Ó é considerada a mais violenta
da cidade por 16% dos entrevistados -a segunda pior, atrás apenas do ponto Capão Redondo/
Jardim Ângela (19%).
Deixar a cidade
Aliás, pela opinião dos próprios
moradores, essa seria a região
mais violenta da cidade -43%
dos que vivem na área da Brasilândia/Freguesia a consideram a
mais violenta do município. No
campeão Capão/Jd. Ângela, são
"só" 39% dos moradores que têm
seu próprio bairro como o mais
inseguro da capital paulista.
Essa conjunção de avaliações
negativas pode ser um dos fatores
que se refletem na alta taxa de
moradores da região que demonstram intenção de deixar a
capital paulista. São 54% do total
da área, de cerca de 550 mil pessoas.
(PDL)
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