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PAULISTANOS
Vila Maria/Tucuruvi
Voto para conservador é uma marca
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Fernando Cambler, 69, manda
sempre um cartão de aniversário
para Paulo Maluf (PP). E para
"dona Silvia", a mulher do ex-prefeito paulistano. Também guarda
fotos dos tempos áureos do malufismo. "Nós não estamos mais
rindo porque estamos mais velhos. Mas estamos mais velhos
porque não rimos", disse ao felicitar Maluf na última vez.
Para o advogado, que costuma
organizar comitês eleitorais para
Maluf, o ex-prefeito "sempre se
sacrificou", "era o primeiro a chegar ao gabinete". E as acusações
que marcaram a vida política do
pepista, como a do superfaturamento de obras, são, para ele, intrigas de adversários.
Um percentual de 34% dos habitantes da região em que Cambler vive -dos distritos de Vila
Maria, Vila Guilherme, Vila Medeiros, Jaçanã, Mandaqui, Tremembé e Tucuruvi- considera
que Maluf é o político que mais
contribuiu para melhorar a qualidade de vida na cidade. O índice
está acima da média do município, de 26%.
Para Cambler, a Vila Maria "é
Maluf" por causa de obras viárias
que facilitaram o acesso à região,
como a avenida Zaki Narchi.
"É um bairro janista, e Jânio
Quadros privilegiou mais a classe
média, que predomina na região.
Quem o sucedeu nisso foi Maluf",
opina Isaías Dias, vice-presidente
do diretório regional do PT de Vila Maria. Segundo Dias, o PT da
área foi organizado por professores, bancários, estudantes, pessoas que tinham de sair do bairro
para suas atividades e "conhecer
outras realidades".
Hoje, do PT "original" sobrou
pouco, por causa das disputas internas iniciadas quando a legenda
virou governo. O vereador mais
famoso da área, Wadih Mutran
(PP), membro da "tropa de choque" de Maluf, atualmente integra a base de apoio da prefeita
Marta Suplicy (PT) na Câmara
Municipal.
"Este governo é aberto para toda a sociedade", afirma o subprefeito de Vila Maria, Carlos Valdir
Ayudarte, sobre a convivência
com o ex-malufista. "Todos os pedidos têm acolhimento, não fazemos distinção política no atendimento à população."
Pena de morte
A região é dominada por "paulistanos da gema" -57% nasceram na cidade, contra a média de
47%- e grande parte passou o
maior tempo da vida no lugar em
que vive hoje (45%). A maioria
pouco sai dos bairros, pois trabalha na área. Os moradores consideram ainda que o local é um dos
mais tranqüilos de São Paulo.
Juarez Mazzoni, 74, diz que vive
como se estivesse em uma cidade
do interior. Almoça e janta em casa. Conhece todo mundo pelas
ruas, pois morou a maior parte da
vida na região.
No início do século passado, a
família de Mazzoni perdeu tudo
em Cedral (427 km da capital). Os
negócios -faziam arreios para
carroças- não iam bem.
Em 1950, conseguiram um galpão na avenida Guilherme Cotching, uma das principais da área.
E lá Mazzoni trabalha até hoje.
Das 8h às 19h, capitaneia a loja de
artigos esportivos.
"Foi o bairro que nos acolheu
quando viemos com a cara e a coragem", afirma ele.
Tradicional, de maioria branca,
com população católica acima da
média, a região de Vila Maria/Tucuruvi tem ainda um dos maiores
índices de pessoas favoráveis à pena de morte (67%), acima da média da cidade, de 59%.
Mazzoni, por exemplo, já foi a
favor da medida -diante de casos chocantes de violência. "Mas
refleti e decidi que não é por aí.
Sabe quem vai morrer? Aqueles
que não têm dinheiro. Os negros.
Os marginalizados."
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