São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 2011

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Capital tem paulistanos de "horário comercial"

Grupos vivem no interior e só trabalham na cidade

FERNANDA BARBOSA
DO "AGORA"

Eles são paulistanos, mas só em horário comercial. Moradores do interior vêm à capital só para trabalhar e estudar. À noite, voltam para o ar puro de suas cidades.
Diariamente, às 5h45, o analista de mercado Vicente Santa Lúcia, 45, e a jornalista Chrystiane Saggesi, 38, esperam por um ônibus fretado ao lado da rodoviária de Itu (101 km de SP).
Uma hora e 15 minutos depois, após uma viagem confortável, com cortinas e olhos fechados, chegam a São Paulo. Para Chrystiane, que mora no interior desde os 13 anos, é hora de pegar o metrô na Sumaré (zona oeste).
Já Santa Lúcia, paulistano que fugiu da falta de segurança da capital há três anos, desce perto do trabalho, em Pinheiros (oeste).
Chrystiane e Santa Lúcia fazem parte dos milhares de moradores do interior que saem pela manhã de bairros com jardins e ar puro para enfrentar alagamentos e poluição. O que os atrai à capital são os melhores empregos, salários mais altos e universidades de renome. Mas, em sua maioria, não têm tempo para o lazer na cidade.
Viver em São Paulo, para eles, não compensa, tanto pelos problemas estruturais como pelo custo de vida. E muitos paulistanos concordam. Imobiliárias de seis cidades informam que até 70% dos moradores de novos condomínios são paulistanos.
"Adoro a correria de trabalho, toda essa gente e os bons restaurantes. Mas, no fim de semana, gosto de ficar em casa, com camiseta, bermuda e chinelo", resume o consultor Carlos Henrique Colombo, 52, de Salto (101 km de SP).

APROXIMAÇÃO
O êxodo de moradores para o interior tem aproximado cada vez mais os municípios.
Valter Luis Caldana Junior, doutor em arquitetura e diretor do curso da Universidade Mackenzie, afirma: a capital, Santos (72 km de SP), Campinas (distante 93 km) e São José dos Campos (97 km de SP) caminham para uma conurbação -quando as divisas entre as cidades são ocupadas e não se pode definir o limite exato entre elas.
Essa união, diz Caldana, deixa as regiões interligadas e interdependentes, como ocorre com a capital e o ABC.
Mas também causa dificuldades de gestão. "O custo de estrutura aumenta para todos e acaba-se comprometendo o sentimento de pertencimento do cidadão em relação às raízes espaciais."


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