São Paulo, sexta, 25 de dezembro de 1998

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Quatro países da União Européia ficaram de fora

do enviado especial a Viena

O receio de perder a identidade nacional, de um lado, e a desorganização econômica, do outro, fizeram com que a "euroland" fosse privada de US$ 1,75 trilhão adicional, que é o quanto produz a economia dos quatro países que não entram já no euro.
Se todos os 15 da União Européia estivessem no clube da moeda única, aí sim haveria quase perfeita paridade entre a Europa do euro e os Estados Unidos, já que a diferença entre as duas economias equivale ao US$ 1,75 trilhão dos países que ficam de fora.
Dinamarca, Reino Unido e Suécia poderiam entrar, se quisessem. A Grécia, o quarto excluído, queria, mas não pôde, porque não cumpriu nenhum dos critérios de bom comportamento nas suas contas exigidos para passar no vestibular da moeda única.
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Mão de direção
No caso do Reino Unido, circula há tempos o folclore de que os britânicos temem perder, com a integração à Europa, até a sua mão de direção (à direita, em vez de à esquerda, como em quase todo o resto do mundo).
É exagero, mas é uma clara indicação de que meio século de um processo de integração não bastou para dissolver as identidades nacionais e, por extensão, o receio de perdê-las.
Receio medido eleitoralmente na Dinamarca, país em que um plebiscito rejeitou, em 1992, a adesão à moeda única. Algumas concessões feitas por seus parceiros permitiram a vitória dos europeístas, em um segundo plebiscito. Mas, ainda assim, o governo dinamarquês prefere esperar.
A Dinamarca, a Suécia e a Noruega (que nem faz parte da União Européia) possuem um modelo de coesão social tão arraigado que todos temem perdê-lo com a integração a uma Europa bem mais heterogênea.
Em todo o caso, os três países que preferiram ficar fora do euro acabarão por aderir a ele, salvo, é óbvio, na hipótese de que a nova moeda se revele um total desastre.
O Reino Unido, depois da troca de governo, em 1997, aproximou-se ainda mais da Europa, mas sua adesão ao euro depende de um plebiscito, prometido por Tony Blair, o primeiro-ministro, inclusive durante sua campanha eleitoral.
Mesmo que o plebiscito favoreça a integração, ela só poderá ocorrer no próximo mandato, a partir de 2001 ou 2002, assim mesmo contando com a recondução de Blair, já que seus adversários, os conservadores, são muito mais relutantes em relação à Europa.
Na fila de espera para entrar na União Européia e, por extensão, trocar suas moedas pelo euro, estão 12 outros países, 10 deles ex-comunistas (as exceções são Turquia e Chipre).
Mas com apenas seis (Chipre, Estônia, Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslovênia) as negociações começam para valer em 1999. (CLÓVIS ROSSI)



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