São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Serra 35% X 35% Marta

Candidatos entram na semana final da eleição empatados, revela o Datafolha

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A apenas uma semana do primeiro turno da eleição, José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT) estão empatados, revela o Datafolha. Os dois principais candidatos à Prefeitura de São Paulo têm exatamente o mesmo percentual de intenção de votos, 35%.
Foram dois para lá, dois para cá. O candidato tucano oscilou dois pontos percentuais para baixo. A prefeita, dois para cima.
Paulo Maluf (PP) tem 12%, um ponto a mais que na semana anterior. Luiza Erundina (PSB) mantém os 4%. O diretor do Datafolha, Mauro Paulino, diz que a pesquisa consolida a tendência de haver segundo turno entre Marta e Serra. Na projeção do segundo turno, a diferença entre os dois caiu seis pontos. Serra tem 51%, contra 41% de Marta. É a menor distância já registrada.
Os principais motivos do empate foram o envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha de Marta e os ataques de Paulo Maluf (PP) a Serra. Antes, o candidato do PSDB liderava, no limite da margem de erro, de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, segundo o Datafolha.
Para Mauro Paulino, o que desencadeou a mudança foi uma "ação conjunta". No entanto, ressalva, "não foi devastador para Serra nem empolgante para Marta". Na sua avaliação, "só acirrou o que já estava acirrado".
Na semana em que os ataques a Serra atingiram o ápice, o presidente Lula surgiu com força total na campanha de Marta. No sábado, pediu votos à prefeita durante inauguração de uma obra pública, a extensão da avenida Radial Leste. No mesmo dia, gravou em estúdio mensagem a favor da prefeita de São Paulo.
Dois dias depois, o depoimento estava na propaganda de Marta, de onde não saiu mais. Como a obra era pública, com dinheiro dos contribuintes de todos os partidos, a declaração de Lula gerou forte polêmica. O PSDB ameaçou pedir a cassação da candidatura petista, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) condenou o ato, Lula foi forçado a pedir desculpas. O caso está na Justiça Eleitoral.
No outro movimento que abalou a estabilidade de então, Maluf dedicou todo o seu programa de TV da última quarta-feira a desqualificar Serra. Acusou o ex-ministro da Saúde de operações irregulares a um calote num deficiente físico na eleição de 2002. O tucano nega tudo.
O ataque surtiu efeito. Pela primeira vez desde o início da campanha, a rejeição ao tucano subiu, de 11% para 15%. A de Marta manteve-se em 31%.
A tática reflete o acordo entre o PT de Marta e Maluf. No dia seguinte à veiculação do virulento ataque a Serra, a Folha revelou que parte da propaganda foi gravada em Recife, onde o marqueteiro de Maluf presta serviços para a prefeitura local, do PT.
Como a sinalizar o acirramento da disputa na reta final, na quinta-feira militantes petistas acuaram Serra em reduto do partido na zona sul. Xingaram e passaram bandeiras por seu rosto. Irritado, o candidato do PSDB bateu boca com alguns dos que o cercavam. O caso acabou na delegacia.
O episódio ainda não teve reflexos na pesquisa eleitoral, porque ocorreu na quinta-feira e chegou aos jornais do país na sexta, mesmo dia em que foi realizado o levantamento.


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