SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ganhou direito de resposta nas inserções de rádio e TV da campanha de Marta Suplicy (PT). Pelos cálculos do PSDB, os tucanos tomarão 42 dos 70 minutos de inserções que restam à coligação petista até quinta-feira, quando termina o horário gratuito. A decisão não inclui os blocos de programa eleitoral.
A resposta do ex-presidente foi encaminhada ontem à noite às emissoras e só não irá ao ar se o PT conseguir uma liminar no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A decisão em favor dos tucanos foi tomada na sexta pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral). Por quatro votos a dois -e contra o parecer do Ministério Público-, os juízes concederam a FHC um minuto de resposta para cada exibição de uma peça petista na qual o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) aparece dizendo que as obras do sistema de transportes de São Paulo atrasaram porque "o ex-presidente Fernando Henrique, para ajudar Serra em sua campanha, segurou o dinheiro". O texto foi tido como "ofensivo e calunioso", pois imputaria a FHC "falso crime de prevaricação".
"Em campanha a gente tem de dizer o que pensa, o que quer e o que deseja. Não é nosso estilo estarmos atacando. Agora, quando a coisa vem muito violenta, distorcendo, a gente mostra só o que é realidade", disse ontem FHC, segundo o qual sua resposta será uma peça institucional do partido, sem a sua presença.

Vaivém
As 42 inserções de Mercadante contestadas pelo PSDB foram veiculadas até quinta-feira passada. Dos 42 minutos de resposta que originaram, 16 são referentes a TV e 26 ao rádio. As respostas, agora, devem ser veiculadas em horário semelhante aos ataques, e o tempo concedido pela Justiça pode ser fracionado em peças de 15 segundos a um minuto, conforme estratégia definida pela legenda.
Entre a sexta de manhã e a noite de ontem, porém, o PSDB já entrou com mais quatro representações, nas quais computa outras 36 inserções de Mercadante na TV e 11 no rádio, o que pode levar a mais 46 minutos de resposta.
Ontem, o PT limitou-se a dizer que recorrerá da decisão. No último dia 16, o juiz da 1ª Zona Eleitoral Paulo Sérgio Galizia havia dado uma liminar ao PSDB proibindo a veiculação da inserção com a fala de Mercadante, mas a liminar foi cassada no dia seguinte pelo próprio Galizia, que alegou ter concluído, numa análise mais profunda do caso, que os dizeres estavam "dentro do livre comentário político". Foi essa segunda decisão que foi revertida na sexta.
Os tucanos haviam pedido também direito de resposta para Serra, mas o pedido foi negado.