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Português é o foco na alfabetização
Nesse período, escolas restringem
o segundo idioma ao aspecto oral
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Crianças do ensino infantil
bilíngue passam por uma
mudança significativa quando entram no primeiro ano
do fundamental: começam a
usar prioritariamente o português no ambiente escolar.
Isso porque, entre um e
cinco anos de idade, esses
alunos vivenciam o que as
escolas bilíngues chamam de
imersão no segundo idioma.
Já no período de alfabetização, o português é privilegiado em detrimento da língua estrangeira, que fica restrita à oralidade.
Essa mudança radical, no
entanto, é algo criticado por
alguns especialistas. Para
Marcello Marcelino, doutor
em linguística pela Unicamp,
não há impedimentos para a
alfabetização simultânea. "O
problema é que os adultos reproduzem suas dificuldades
nas crianças."
Na Green Book, no Campo
Belo, a alfabetização ocorre
só no idioma nativo. A direção da escola entende que o
processo simultâneo pode
atrapalhar o aprendizado
das duas línguas.
"Como vou misturar um
idioma anglo-saxão a um latino? Isso é impossível", diz a
proprietária, Leila Nogueira.
Já o currículo da Escola do
Max, na Vila Mariana, é distribuído de forma proporcional nos dois idiomas.
"Mas muitos pais ainda
não acreditam que os filhos
possam aprender dois idiomas e se alfabetizar ao mesmo tempo", pondera a coordenadora da escola, Isabela
Caputo.
Selma de Moura, especialista em educação bilíngue,
defende a alfabetização simultânea no ensino fundamental para crianças imersas
no segundo idioma desde o
início do infantil.
Mas a recomendação não
vale para crianças que entram na escola bilíngue no
ensino fundamental. "Para
esses alunos, a alfabetização
pode ser mais lenta."
MISTURA DE LÍNGUAS
No ensino bilíngue as línguas podem se misturar, no
processo conhecido como
"coding mix", que é mais comum na educação infantil.
Segundo Teresinha Maher, especialista em ensino
bilíngue da Unicamp, a mistura de palavras é comum e
faz parte das mudanças de
códigos inconscientes da
criança. "Mas isso não representa um déficit", diz.
(GUILHERME VOITCH, LUCIANO BOTTINI FILHO e RAPHAEL MARCHIORI)
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