São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010

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Português é o foco na alfabetização

Nesse período, escolas restringem o segundo idioma ao aspecto oral

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Crianças do ensino infantil bilíngue passam por uma mudança significativa quando entram no primeiro ano do fundamental: começam a usar prioritariamente o português no ambiente escolar.
Isso porque, entre um e cinco anos de idade, esses alunos vivenciam o que as escolas bilíngues chamam de imersão no segundo idioma.
Já no período de alfabetização, o português é privilegiado em detrimento da língua estrangeira, que fica restrita à oralidade.
Essa mudança radical, no entanto, é algo criticado por alguns especialistas. Para Marcello Marcelino, doutor em linguística pela Unicamp, não há impedimentos para a alfabetização simultânea. "O problema é que os adultos reproduzem suas dificuldades nas crianças."
Na Green Book, no Campo Belo, a alfabetização ocorre só no idioma nativo. A direção da escola entende que o processo simultâneo pode atrapalhar o aprendizado das duas línguas.
"Como vou misturar um idioma anglo-saxão a um latino? Isso é impossível", diz a proprietária, Leila Nogueira.
Já o currículo da Escola do Max, na Vila Mariana, é distribuído de forma proporcional nos dois idiomas.
"Mas muitos pais ainda não acreditam que os filhos possam aprender dois idiomas e se alfabetizar ao mesmo tempo", pondera a coordenadora da escola, Isabela Caputo.
Selma de Moura, especialista em educação bilíngue, defende a alfabetização simultânea no ensino fundamental para crianças imersas no segundo idioma desde o início do infantil.
Mas a recomendação não vale para crianças que entram na escola bilíngue no ensino fundamental. "Para esses alunos, a alfabetização pode ser mais lenta."

MISTURA DE LÍNGUAS
No ensino bilíngue as línguas podem se misturar, no processo conhecido como "coding mix", que é mais comum na educação infantil.
Segundo Teresinha Maher, especialista em ensino bilíngue da Unicamp, a mistura de palavras é comum e faz parte das mudanças de códigos inconscientes da criança. "Mas isso não representa um déficit", diz.
(GUILHERME VOITCH, LUCIANO BOTTINI FILHO e RAPHAEL MARCHIORI)


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