São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010

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Pioneira, Dona Érika "escondia" professores de inglês de fiscal

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pelo pioneirismo no ensino bilíngue, a professora aposentada Érika Ossowieck, 90, ganhou até medalha da Sociedade Brasileira de Educação e Integração. Prestes a fechar, em 2005, a Dona Érika, que ficava nos Jardins, foi a escola mais lembrada na categoria Educação Infantil do prêmio Top of Mind. (LUCIANO BOTTINI FILHO)

 

Folha - Como surgiu o ensino bilíngue na sua vida?
Érika Ossowieck -
Fui a primeira em São Paulo a ter um jardim de infância bilíngue. Havia aprendido inglês em viagens e na União Cultural Brasil-Estados Unidos, antigo curso de idioma. Em 1953, trabalhava na Escola Britânica e decidi preparar crianças para escolas internacionais.
Comecei no Jardim Paulistano, com os filhos da vizinhança. No início, eram cinco alunos de quatro a cinco anos. Aos poucos, vieram os menores, de até 18 meses. Quando a escola fechou, após 53 anos, tínhamos 120 alunos.

Você enfrentou obstáculos?
A Secretaria Municipal de Educação achava que crianças só podiam aprender a segunda língua depois de saber bem o português. Permitiam apenas que os alunos do 5º ano, com mais de 11 anos, fizessem o bilíngue.
Sempre tive na mesma sala uma professora de inglês e outra de português. A fiscalização nunca percebeu, pois só a de português ensinava na frente deles.

A escola Dona Érika fez muitas inovações?
Minha escola tinha outras aulas diferentes, tudo nas duas línguas: música, jardinagem, culinária, xadrez. Nós fomos o primeiro jardim de infância com natação infantil. Usava brinquedos pedagógicos da Europa, que não vendiam no Brasil.

O que ficou desse trabalho?
Muitos que passaram pela Dona Érika abriram seu jardim de infância ou foram trabalhar em outras escolas bilíngues. Fechamos por não podermos expandir mais. Tudo o que é bom dura o suficiente para que seja eterno. Hoje, minha filha, Eliana Ramilevitz, tem seu próprio colégio bilíngue, o Stance Dual.


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