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TRABALHO
Escolaridade maior gera abundância de mão-de-obra com mais estudo e deprime salários; caem vagas para ensino fundamental incompleto
Mercado se fecha para os menos instruídos
DA SUCURSAL DO RIO
O mercado de trabalho se fechou para os trabalhadores com
menor nível de escolaridade. De
2003 para 2004, o número de empregos na faixa com o ensino fundamental incompleto (até sete
anos de estudo) caiu 1,1%. Foram
436 mil vagas a menos nesse contingente, num ano em que o emprego no país aumentou.
Todo o ganho do emprego se
concentrou entre os que estudaram mais. No recorte com mais
de 11 anos de estudo (ao menos o
ensino médio completo) foram
contratados 2,318 milhões de pessoas em 2004, um crescimento de
8,1% em relação a 2003.
Também cresceu o emprego na
faixa de quem tem o ensino médio incompleto (8 a 10 anos de estudo). Foram abertos 794 mil postos de trabalho, com alta de 6%.
Parte desse movimento está associada ao aumento do nível de
escolarização da população como
um todo, dizem especialistas. Mas
o dado releva que, diante da grande oferta de trabalhadores com ao
menos o ensino médio, as empresas dão preferência aos mais estudados. "A competição está tão alta que as pessoas já percebem esse
sinal e estudam um pouco mais
para arrumar emprego. E acabam
sobrando os menos qualificados",
diz Marcelo de Ávila, economista
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) especializado em mercado de trabalho.
Tal movimento, porém, tem seu
lado perverso, diz ele. É que, segundo o economista, a grande
oferta de trabalhadores qualificados impende o avanço do rendimento, já que sobra mão-de-obra
de qualidade e as firmas podem
contratar esses profissionais pagando menos. É, na visão dele,
um dos fatores que explicam a estagnação da renda em 2004.
Numa perspectiva histórica, fica
nítido o maior peso de quem estudou mais no mercado de trabalho. Em 1992, o número de empregados na faixa de mais de 11
anos de estudo representava
18,4% do total. Em 2003, passou
para 32,6% e, em apenas um ano,
subiu 1,7 ponto percentual e chegou a 34,3%.
Das 82,8 milhões de pessoas
ocupadas em todo o país, 28,4 milhões tinham ao menos o segundo
grau completo em 2004.
Quem tem menos de sete anos
de estudo, por outro lado, perdeu
espaço no mercado de trabalho
-a taxa passou de 50,6% em
2003 para 48,6%. Em 1992, o percentual era de 52,6%. Na faixa de
oito a dez anos, o percentual passou de 50,6% para 48,6%.
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