São Paulo, domingo, 27 de maio de 2001

Texto Anterior | Índice

CONHEÇA O ROTEIRO DA EXPEDIÇÃO

Acompanhe os principais fatos dos 43 dias da missão da Funai

26 de março
Três barcos da Funai deixam Tabatinga, na fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, em direção ao rio Jutaí. Fotografias aéreas feitas no ano passado encontraram 16 concentrações de malocas de índios isolados na região. Dirigida pelo sertanista Sydney Possuelo, a expedição tem o desafio de levantar informações sobre essas tribos sem fazer contato

28 de março
Chegada à cidade de Jutaí, com 22 mil habitantes, nenhum banco, oito telefones públicos com defeito e acesso a TV apenas por antena parabólica. É a última cidade vista em mais de um mês

30 de março
Entrada no rio Bóia. Ribeirinhos falam sobre a ação de garimpeiros na região. Um deles, Luiz Gomes, 60, explica por que decidiu viver longe das cidades: "A cidade me entonteia. O rio me liberteia"

1º de abril
Expedição encontra garimpeiros no rio Mutum. Eles usam dragas para escavar o leito do rio e compram combustível de políticos da cidade de Jutaí. Os garimpeiros dizem faturar menos de R$ 7 mil por mês, pouco menos de 100 gramas de ouro por semana. Nos anos 80, contam eles, chegaram a tirar do rio Madeira quase 100 kg de ouro

6 de abril
Próximo às cabeceiras do rio Jutaí, a expedição visita a aldeia dos índios canamaris, contatados desde o final do século 19. São 180 índios, a grande maioria doentes, que nos últimos sete anos só foram visitados por funcionários da Funai duas vezes. Eles contam que atraíram para perto da aldeia uma tribo considerada isolada, os tsohom djapás

7 de abril
É a primeira vez que os tsohom djapás encontram uma equipe da Funai, mas não são mais considerados índios isolados porque mudaram os seus hábitos pelo contato com os canamaris. Usam roupas, salgam a comida e vivem em palafitas. Em menos de sete anos de proximidade com os canamaris, os tsohom djapás deixaram a vida isolada na selva para trabalhar em troca de sabão, facões e panelas. Vivem como semi-escravos e perderam até direito ao nome: os canamaris os chamam de "tucanos"

8 de abril
Testes feitos pela expedição revelam o risco de um surto de catapora entre os canamaris, que certamente se alastraria até os tsohom djapás, que, por viver em semi-isolamento, não têm nenhuma resistência à doença. Os índios são vacinados pela Fundação Nacional de Saúde

12 de abril
Comprovada a retirada ilegal de madeira na reserva indígena do vale do Javari, no rio Curuena. "A gente sabe que não é certo, mas tem que tirar um troco", justifica Heleno Teixeira de Oliveira, 70, que vive ilegalmente dentro da reserva. Ele recebe um aviso para sair

15 de abril
A expedição se divide. Vinte pessoas lideradas por Possuelo _ na maioria ribeirinhos e índios matis, marubos e canamaris_ começam a travessia a pé da floresta entre os rios Curuena e Jandiatuba. A intenção é achar vestígios dos grupos isolados como caminhos de caça e pontas de flecha

O segundo grupo, chefiado pelo indigenista Rieli Franciscato, retorna com os barcos para navegar até o Jandiatuba e buscar a equipe de exploradores

16 de abril
Encontrados sinais de coleta de mel e corte de casca de árvores. Suspeita-se que os vestígios sejam do grupo de índios tsohom djapás que continua vivendo na mata

23 de abril
Chegada ao rio Jandiatuba. Como o trecho de mata era mais acidentado do que se esperava, a travessia percorreu 55 km e não 40 km como se estimava inicialmente

24 de abril
Por rádio, a equipe de Possuelo recebe a notícia de que um dos barcos quebrou e que o resgate vai demorar uma semana. Índios e ribeirinhos constróem uma sala de jantar a partir de troncos de árvores, cipós e palhas

30 de abril
Chegada dos barcos. Durante a subida do rio Jandiatuba, a equipe de Franciscato expulsou garimpeiros da área indígena e encontrou acampamentos abandonados de caçadores

1º de maio
Duas incursões por terra não encontram vestígios significativos dos índios isolados. Os sertanistas desconfiam que os índios estão propositalmente evitando deixar sinais da sua presença pelo temor de ataques de caçadores e garimpeiros

2 de maio
Acampamento é desmontado e começa a subida pelo rio Jandiatuba. Incursões em rios afluentes descobrem pistas de pouso de helicópteros e sacos de cimento deixados pelos funcionários da Petrobras, que nos anos 80 procuravam gás e petróleo na região. Desistiram depois de ataques dos índios isolados

3 de maio
Equipe encontra trilhas de caça abandonadas, cinzas de fogueiras e árvores cortadas com machado

7 de maio
Chegada a Tabatinga



Texto Anterior: A expedição: Na selva, macaco é relógio e anta é banquete
Índice


Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.