São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007

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NÃO É BRINCADEIRA

Atividade de lazer vira profissão

Provas oferecem opções antes vistas mais como diversão, como desenhista de animação

TOMÁS CHIAVERINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Foi-se o tempo em que passar tardes em frente ao videogame, em ensaios com colegas da banda ou em encontros para rabiscar desenhos animados eram atividades restritas às horas de lazer.
O que era brincadeira agora virou profissão. Cursos que formam criadores de jogos digitais, desenhistas de animação, músicos de rock e outros profissionais de carreiras pouco tradicionais vêm se tornando cada vez mais comuns nas instituições brasileiras.
Com ofertas de vagas no meio do ano e carga horária reduzida, eles já têm mais demanda do que graduações como direito ou administração em certas universidades.
Boa parte dessas novidades, como jogos digitais e produção de cachaça, surge na onda de crescimento das graduações tecnológicas. Entre 2000 e 2007, aumentou em cerca de 900% o número desse tipo de curso que recebeu aval do ministério para funcionar, segundo dados do Inep (instituto de pesquisas do MEC).
De todos os cursos que oferecem vestibular no meio do ano, pelo menos 300 são graduações tecnológicas. Entre os cursos incomuns, há ainda vários -produtor e músico de rock, escritor e agente literário- classificados como seqüenciais.

Preocupação
Alguns pais ainda vêem com desconfiança o fato de os filhos escolherem uma carreira não tão comum.
Esse foi o caso da mãe de Morian Marroni, 27, que se preocupou quando ele resolveu deixar o emprego e mudar-se de Nova Odessa para São Paulo para ingressar na primeira turma do curso de graduação tecnológica em design de animação da Anhembi Morumbi.
Marroni conta que sempre quis trabalhar com desenhos animados e que, quando descobriu que havia um novo curso na área, não teve dúvidas. "Meu pai me apoiou na hora, mas minha mãe ficou um pouco chateada", afirma.

Incomuns
Uma das instituições em que os cursos "diferentões" superaram a maioria dos tradicionais em número de inscrições no vestibular foi a Unisinos (Universidade do Vale dos Sinos), no Rio Grande do Sul.
Na instituição, entre todos os cursos superiores oferecidos no final do ano passado, o mais procurado foi o seqüencial de músico e produtor de rock. A graduação tecnológica em jogos digitais ficou entre as quatro mais procuradas.
Para a diretora de graduação da universidade, Paula Caleffi, 42, o sucesso desses cursos inusitados deve-se ao fato de eles serem criados para suprir demandas específicas do mercado de trabalho. "As organizações vêm nos procurar em busca de pessoas que se formaram nessas áreas específicas."


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