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NÃO É BRINCADEIRA
Atividade de lazer vira profissão
Provas oferecem opções antes vistas mais como diversão, como desenhista de animação
TOMÁS CHIAVERINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Foi-se o tempo em que passar tardes em frente ao videogame, em ensaios com colegas
da banda ou em encontros para
rabiscar desenhos animados
eram atividades restritas às horas de lazer.
O que era brincadeira agora
virou profissão. Cursos que formam criadores de jogos digitais, desenhistas de animação,
músicos de rock e outros profissionais de carreiras pouco
tradicionais vêm se tornando
cada vez mais comuns nas instituições brasileiras.
Com ofertas de vagas no
meio do ano e carga horária reduzida, eles já têm mais demanda do que graduações como direito ou administração
em certas universidades.
Boa parte dessas novidades,
como jogos digitais e produção
de cachaça, surge na onda de
crescimento das graduações
tecnológicas. Entre 2000 e
2007, aumentou em cerca de
900% o número desse tipo de
curso que recebeu aval do ministério para funcionar, segundo dados do Inep (instituto de
pesquisas do MEC).
De todos os cursos que oferecem vestibular no meio do ano,
pelo menos 300 são graduações
tecnológicas. Entre os cursos
incomuns, há ainda vários
-produtor e músico de rock,
escritor e agente literário-
classificados como seqüenciais.
Preocupação
Alguns pais ainda vêem com
desconfiança o fato de os filhos
escolherem uma carreira não
tão comum.
Esse foi o caso da mãe de Morian Marroni, 27, que se preocupou quando ele resolveu deixar o emprego e mudar-se de
Nova Odessa para São Paulo
para ingressar na primeira turma do curso de graduação tecnológica em design de animação da Anhembi Morumbi.
Marroni conta que sempre
quis trabalhar com desenhos
animados e que, quando descobriu que havia um novo curso
na área, não teve dúvidas. "Meu
pai me apoiou na hora, mas minha mãe ficou um pouco chateada", afirma.
Incomuns
Uma das instituições em que
os cursos "diferentões" superaram a maioria dos tradicionais
em número de inscrições no
vestibular foi a Unisinos (Universidade do Vale dos Sinos),
no Rio Grande do Sul.
Na instituição, entre todos os
cursos superiores oferecidos
no final do ano passado, o mais
procurado foi o seqüencial de
músico e produtor de rock. A
graduação tecnológica em jogos digitais ficou entre as quatro mais procuradas.
Para a diretora de graduação
da universidade, Paula Caleffi,
42, o sucesso desses cursos inusitados deve-se ao fato de eles
serem criados para suprir demandas específicas do mercado
de trabalho. "As organizações
vêm nos procurar em busca de
pessoas que se formaram nessas áreas específicas."
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