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Rodolfo - "Acessar na LAN house é mais zoeira"
Quando voltou da escola e
soube que o microônibus no
qual trabalha como cobrador
estava quebrado, Rodolfo Rocha,
16, almoçou e correu para
a LAN house que costuma freqüentar
no Capão Redondo,
bairro de periferia da zona sul
de São Paulo.
O ambiente "descolado",
com porta grafitada, paredes
laranja e computadores pretos,
já estava cheio. Todos os
dez clientes eram jovens e estavam
conectados à internet.
Pela hora navegada, pagavam
R$ 1,50.
Na pesquisa Datafolha, esses
jovens fazem parte dos 57%
que disseram acessar a internet
fora de casa. Dos meninos
de 16 e 17 anos, como Rodolfo,
76% afirmaram o mesmo.
Em casa, Rodolfo possui
computador, mas sem internet.
Afirma, porém, que, mesmo
que tivesse, não deixaria
de freqüentar a LAN house.
"É bem melhor aqui, que é a
maior zoeira. Em casa, eu ia ficar sozinho. Não teria graça."
Pseudo-socialização
A alguns metros dali, em
outra LAN house, o atendente
João Cairo, 20, diz que conhece
jovens que vão ao local mesmo
tendo acesso domiciliar à
internet.
Apesar da afirmativa de Cairo,
ainda são minoria, nas classes
D e E, os que se conectam
à internet em casa (2%). Entre
os jovens da classe A, o índice
é de 67%.
Isso não quer dizer, porém,
que os jovens ricos não freqüentem
LAN houses, mas
que têm mais possibilidade de
escolha, pois 56% deles afirmaram
que se conectam fora
de casa (o número não inclui
ambiente de trabalho).
Para a psicóloga Dora
Sampaio, do Ambulatório de
Transtornos do Impulso do
Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas (SP), a
presença constante em LAN
houses favorece uma pseudosocialização.
"A pessoa busca
um outro espaço de convivência,
mas continua imersa no
mundo virtual."
Sampaio, que integra um
projeto voltado a pessoas viciadas
em internet, nota que
o tema LAN house vem se tornando
mais freqüente entre os
jovens que chegam buscando
ajuda. (GB)
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