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GOVERNO OU PARTIDO?
Cabos de Marta usaram broches de Lula em inauguração
CATIA SEABRA
REPORTAGEM LOCAL
O discurso do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva não é a única
peça do processo a que ele e a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy
(PT), respondem na Justiça Eleitoral por uso político da inauguração da extensão da Radial Leste,
no dia 19. Incluídas no processo,
fotografias revelam que, na solenidade, cabos eleitorais da campanha de Marta Suplicy usavam
broches que garantem passe livre
a áreas de acesso restrito em cerimônias presidenciais.
Geralmente, esses broches são
distribuídos pela Casa Militar para o controle de acesso em cerimônias das quais Lula participa,
inclusive os convidados do Palácio do Planalto. Em adesivo ou
broche, a cor varia conforme o nível de proximidade com o presidente. Segundo as fotos, esses militantes circulavam numa área reservada aos operários da obra, à
beira do palanque onde Lula discursou. Além do nome de Marta,
alguns usavam camisas de campanha de um candidato a vereador chamado Senival.
Essas fotos -ao todo 239- e o
discurso de Lula integram o pedido de providências que o PSDB
enviou ao Ministério Público Eleitoral na semana passada. Daí,
nasceu a representação que recomenda a aplicação de multa de até
R$ 106,4 mil sobre Lula e Marta.
Na sexta-feira, o juiz da 1ª Zona
Eleitoral, José Joaquim dos Santos, determinou a notificação para que os dois apresentem sua defesa em 48 horas.
Esse arquivo também foi remetido à Procuradoria Regional Eleitoral e à Procuradoria Geral da
República. Além dos cabos eleitorais, há registro da movimentação
da equipe de produção do programa de Marta na TV, como a instalação de equipamentos.
As fotos também mostram a
instalação de faixas e cartazes nos
arredores do lugar do discurso, a
chegada de peruas da campanha
de Marta e até o momento em que
a repórter do programa da candidata do PT grava, sobre uma plataforma, tendo Lula ao fundo.
Numa das fotos, um operário da
construtora encarregada pela
obra ostenta duas bandeiras de
campanha da prefeita em seu capacete. Em outra, cabos eleitorais
se misturam aos operários.
Na petição a que Folha teve
acesso, as fotos são apontadas como uma evidência que uma solenidade de inauguração de obra
pública foi, deliberadamente,
transformada num comício e que,
por isso, o polêmico discurso de
Lula não foi acidental.
As fotos também revelam mais
um detalhe da guerra entre tucanos e petistas em São Paulo: o
PSDB fotografou o adversário.
Um dos coordenadores da campanha de José Serra, o deputado
federal Walter Feldman argumenta que o partido exerceu o papel de fiscal, atribuído à oposição.
"Tínhamos a informação de que
iriam radicalizar. Nós queríamos
registrar os fatos. Temos registrado como eles extrapolaram", disse Feldman.
Sem ter conhecimento da inclusão de fotos, o advogado-geral da
União, Álvaro Ribeiro, disse ontem não ter recebido qualquer notificação da Justiça Eleitoral. "Nós
recebemos as coisas por notificação. Não pela imprensa. Até agora, nada nos foi encaminhado.
Oficialmente, essa notificação não
existe", alegou.
Mais tarde, informados da existência das fotos anexadas à representação, o Palácio do Planalto e a
Advocacia Geral da União afirmaram, por meio de suas assessorias, que só avaliariam a possibilidade de uma manifestação após a
notificação da Justiça.
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