São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ITÁLIA 90 Cai o mito da 10
Nem só de glórias vive a história da camisa 10 da seleção brasileira. Se em 1958 Pelé a vestiu por acaso e assim deu início ao mito, em 90 a camisa foi relegada ao banco de reservas por vontade do técnico pela primeira vez na história brasileira nas Copas do Mundo. Em 58, a antiga CBD não havia enviado à Fifa a numeração que considerava ideal e acabou tendo de distribuir os números aleatoriamente. Quis o destino que Pelé ficasse justamente com a 10. Mas em 90, depois de passar por Rivellino e Zico, a 10 sucumbiu graças a Sebastião Lazaroni. Em 86, com Telê Santana, Zico era reserva de luxo por motivo de contusão. Em 90, a história foi outra. O armador agraciado com a honraria perdeu a posição para o volante Alemão durante o torneio depois de figurar quase sempre entre os titulares nas eliminatórias e na conquista da Copa América, em 89. Campeão mundial de juniores em 85 e revelação do São Paulo à época, o jogador carregava a experiência da Copa de 86, quando, aos 21 anos, entrou na derrota, nos pênaltis, para a França. Na ocasião, vestia a 20 e assistiu de perto a outro episódio triste relativo à camisa 10: o pênalti perdido pela meia Zico. O esquema tático defensivo em 90 contava também com Dunga, outro homem de marcação forte no meio-de-campo, e com Mauro Galvão, o primeiro líbero do Brasil em Copas do Mundo. Por essas e outras, aquela seleção marcou o início do rótulo "era Dunga", atribuído devido à postura excessivamente defensiva e pouco criativa da equipe. Misturando os ingredientes, não só para o meia, mas para o Brasil, a Copa foi curta. Depois das três vitórias suadas na primeira fase, o time caiu diante da Argentina nas oitavas-de-final, naquele que é o pior resultado brasileiro desde o fiasco de 1966. O camisa 10 brasileiro participou do segundo tempo das quatro partidas. Contra a Argentina, sua entrada, justamente no lugar do líbero, restabeleceu o esquema tradicional do Brasil. E, apesar da derrota por 1 a 0, foi a melhor atuação brasileira. Mas, naquele 24 de junho, as glórias ficaram reservadas a outra camisa 10. A azul e branca de Maradona. Em jogada genial, o craque argentino arrancou do meio-de-campo, escapou dos volantes e zagueiros de Lazaroni até passar para Caniggia, que só teve o trabalho de driblar Taffarel e concluir. Na lembrança do meia brasileiro ainda resta uma ponta de mágoa com Lazaroni. "Nunca entendi por que fui sacado." Do banco de reservas, o meia via na falta de velocidade dos alas brasileiros um prenúncio do fracasso. "Para jogar com líbero, precisávamos ter alas velozes, mas não era o caso", relembra o jogador que, aos 36 anos, ainda defende -com a 10- a Portuguesa Santista. Apesar de ter sido o camisa 10 menos usado pelo Brasil em Copas do Mundo, Silas ainda guarda o uniforme como relíquia de um tempo de poucas glórias. Texto Anterior: México 86: Estrela cadente Próximo Texto: EUA 94: Minutos de fama Índice |
|